segunda-feira, 25 de maio de 2009

WebQuest - O lado bom da Web na educação

Gustavo Rodrigues

O conceito é relativamente novo, não muito conhecido no Brasil, mas já visto como uma jóia do ensino aliado à tecnologia; uma revolução para as pesquisas escolares, que envolve alunos de todos os níveis da formação educacional. Para quem ainda não conhece, a WebQuest (WQ) é um sistema virtual multidisciplinar que hoje conta com mais de dez mil páginas na Web e propostas de educadores de diversas partes do mundo (EUA, Canadá, Islândia, Austrália, Portugal, Brasil e Holanda, entre outros).

Desde que foi criada em 1995 por Bernie Dodge, professor da Universidade Estadual da Califórnia, a WebQuest tem sido utilizada por professores como uma atividade de aprendizagem cooperativa, que aproveita a imensa riqueza de informações da Internet através da investigação orientada. A idéia principal era facilitar a pesquisa dos alunos para que eles produzissem trabalhos escolares sobre qualquer tema. Portanto, se muitos docentes reclamam da prática do “Control C + Control V”, comum entre seus alunos, uma realidade difícil de extinguir, então, a melhor maneira de tirar proveito da situação é direcionar a tão comum pesquisa na internet de forma a engajar os estudantes. A WebQuest apresenta a estrutura para criar o trabalho escolar e ainda apresenta exemplos úteis para professores e estudantes. O site original, em inglês, é http://www.webquest.org.

A pequena parcela de professores que utilizam essa ferramenta em suas aulas no Brasil se justifica pela barreira tecnológica imposta quando as WQs primeiro vieram para cá, no ano 2000. Era preciso entender de linguagem html e usar um editor de programação web para se publicar alguma coisa online, no caso a idéia de um trabalho escolar. Hoje, com as facilidades do conceito de Web 2.0, onde tudo pode ser encontrado on-line, inclusive editores específicos para WQs, o número de adeptos tende a aumentar. Além disso, uma página na net pode ser criada utilizando programas como Word, Powerpoint e até mesmo Excel, contanto que os documentos sejam criados com hyperlinks.

O professor Vicente Cândido, ministrante de cursos do Sinpro - Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, que começou a atuar em educação e tecnologia em 1994 e pesquisa a metodologia do WebQuest desde 2000, sugere que a melhor opção para criação de uma WB é usar o PowerPoint e gerar um arquivo ".pps". Para publicá-la, não é preciso servidor disponível na escola, basta se cadastrar num site como o www.zunal.com. O mais comum são professores optando por fazer uso de WQs já existentes, desde que mantendo os créditos de quem a criou. “Geralmente, um bom projeto de WQ inicia-se com base em uma WQ já publicada. Porém, todo professor sente a necessidade de adaptá-la à sua prática, à sua realidade e a de seus alunos. Assim, naturalmente vai criando a sua mesmo sem perceber”, observa.

Pesquisa orientada
Peguemos como exemplo uma WQ sobre animais, onde cada um dos quatro alunos do grupo pesquisa sobre um inseto específico. Após um período de buscas e pesquisa sobre o assunto, chega o momento de trocar informações e cruzar dados em sala.

Segundo o professor Carlos Seabra, ex-coordenador do projeto WebQuest na Escola do Futuro da USP, o que diferencia uma WQ boa de uma ruim é o que também diferencia uma aula boa de uma ruim. A boa engaja aluno com prazer e dedicação. O professor faz de forma mais ampla, para juntar fatos e relacionar o aprendizado à pesquisa. Motiva o aluno a aprender e a desenvolver habilidades de pesquisa.

Inclusão tecnológica
Escolas que não oferecem acesso a computadores para alunos poderiam optar em montar o “PaperQuest”. Essa é uma alternativa na qual os alunos montam um jornal sobre determinado assunto a partir de pesquisa de conteúdos em outras fontes. “O interessante são atividades que articulem a criação de projetos”, afirma Seabra. Mas como o momento é o de apropriação de tecnologia, o PQ iria contra o conceito criado em 1995 por Bernie Dodge. Para Carlos, nenhuma escola hoje pode ficar sem computadores e acesso à internet. Acredita ser uma questão de tempo até que todo mundo esteja conectado, e cita o exemplo da televisão. “No início, poucos contavam com esse recurso tecnológico. Hoje, os aparelhos são encontrados em praticamente toda e qualquer residência brasileira.”

O formato
A WebQuest é concebida e construída segundo uma estrutura lógica que contém os seguintes elementos estruturais: introdução, tarefa, processo, recursos, orientações, avaliação e conclusão. Não há conduta básica, mas são as propostas de trabalho que engajam os alunos nas tramas do aprender e dão alma à WQ. Um dos princípios do modelo é o de que as situações de aprendizagem precisam favorecer contatos dos alunos com materiais autênticos. Ou seja, é preciso fazer com que eles trabalhem com as fontes de informação comuns de nosso cotidiano (artigos, revistas, relatórios, sites da Web etc.).

“Existem diversas formas para se concluir uma WQ: podemos solicitar desde uma simples apresentação através de um cartaz, uma apresentação em PowerPoint, vídeo, representação teatral, etc... depende do entusiasmo do professor e da sua criatividade”, completa Vicente Cândido. Completar on-line também é possível, porém é provável que isso a descaracterize, e a transforme numa “máquina de ensinar”, a não ser que a atividade inclua propositalmente a consulta a um programa de perguntas e respostas.

Fonte: Revista Profissão Mestre

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