18/01/2006
Paulo Franco
Projeto Brasil
Educação à distância deve ganhar agilidade
No ar desde 1996, a "TV Escola" do Ministério da Educação dará um salto de qualidade com a implantação da TV digital no Brasil. Com o novo sistema, o sinal digitalizado vai acabar com os chiados e fantasmas na imagem, além dos ruídos no áudio e permitir um alcance muito maior do que o atual. Outra vantagem será a utilização da interatividade para colher dados em tempo real, eliminando assim a necessidade de sensos para dimensionar e solucionar determinados problemas.
Em um país do tamanho do Brasil, a comunicação TELESPECTADOR - EMISSORA torna-se essencial para a avaliar a resposta do professor e aluno, para assim desenvolver soluções flexíveis e descentralizadas que respondam a demandas específicas ou regionais. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mais de 45 mil escolas públicas de todo o Brasil recebem o sinal da TV Escola. Esse número representa um potencial de alcance de cerca de 29,5 milhões de alunos e 1,2 milhão de professores.
A TV Escola atende em grande parte a inclusão social, um dos principais objetivos do decreto presidencial 4.901, que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). Dentre as soluções desenvolvidas por pesquisadores nacionais está um software que permite ao Ministério da Educação manter um banco de imagens em um servidor acessível aos professores em qualquer parte do Brasil. Para acessar essas informações, o educador solicita a liberação do sinal e o conteúdo em um determinado horário para complementar o ensino em sala de aula.
A TV Escola é um canal da Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, que tem como objetivos principais o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e o aperfeiçoamento dos professores da Educação Básica. Além de séries e documentários nacionais e internacionais relacionados aos currículos escolares, a TV também produz conteúdo e transmite programas sobre saúde, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, cidadania e cultura.
Leia abaixo a avaliação do MEC sobre a introdução da TV Escola na nova tecnologia:
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TV ESCOLA NO SBTVD
A TV ESCOLA
A TV Escola é um canal da Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, que tem como objetivos principais o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e o aperfeiçoamento dos professores da Educação Básica.
No ar desde 1996, a TV Escola transmite séries e documentários diretamente relacionados aos currículos escolares do Ensino Infantil, Fundamental e Médio, contemplando áreas como Língua Portuguesa, Matemática, Ética, História, Sociologia, Pluralidade Cultural, entre tantas outras. Ou seja, a TV Escola diferencia-se das televisões educativas em geral por ter um foco específico na escola e seus atores: alunos, professores e gestores.
Produções próprias e realizações dos mais renomados produtores nacionais e internacionais (Channel 4 Learning, BBC, Discovery, National Film Board of Canada, entre muitos outros) fazem da TV Escola um canal respeitado pelo elevado padrão ético, estético, educacional e cultural de sua grade de programas.
Aos fins de semana e feriados, a TV Escola abre as suas portas para toda a comunidade, transmitindo a faixa Escola Aberta, que busca alcançar o público em geral, com programas sobre saúde, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, cidadania e cultura.
ALCANCE DA TV ESCOLA
De acordo com o censo de 2004 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mais de 45 mil escolas públicas de todo o Brasil recebem o sinal da TV Escola. Esse número representa um potencial de alcance de cerca de 29,5 milhões de alunos e 1,2 milhão de professores que recebem diariamente o sinal da TV Escola.
Além disso, será enviado, em fevereiro, aparelhos de DVD e uma caixa com mais de 160 horas de produções da TV Escola, em mídia DVD, a 50 mil escolas públicas. Esse projeto, chamado de DVD Escola, tem como objetivo fazer com que os programas da TV Escola cheguem às escolas que não possuem o sinal.
Mesmo sendo um canal dedicado à educação, o caráter cultural da TV Escola está presente em sua programação. Dessa forma, ONGs, bibliotecas, hospitais, presídios e diversas associações e grupos, além de cidadãos brasileiros interessados em seu aprimoramento utilizam a TV Escola. A qualidade da programação faz com que a TV Escola seja exibida também na Sky (canal 27), Directv (237) e Tecsat (4), ampliando, assim, o público alcançado.
PRINCIPAIS DESAFIOS DA TV ESCOLA
Três são as principais dificuldades da TV Escola. A primeira é a baixa qualidade e robustez do sinal analógico, que chega em muitas regiões do País com problemas de áudio e imagem.
A segunda é o fato de os equipamentos distribuídos pelo MEC já estarem com 10 anos de uso. O custo de manutenção das antenas dificulta a participação efetiva das escolas no programa. Além do mais, os aparelhos de televisão de 20 polegadas distribuídos em 2006 não mais atendem aos padrões atuais propostos à sociedade. Diariamente chegam ao MEC solicitações de escolas, prefeituras e estados - algumas por meio de parlamentares - no sentido de renovação dos equipamentos da TV Escola.
Na última avaliação externa realizada, os professores e diretores pesquisados apontaram como problemas da TV Escola questões relativas à qualidade de imagem e som e à deterioração dos equipamentos. Todavia, o desejo de mais aparelhos de televisão por escola e a disponibilidade de 95% dos professores para fazer um curso de capacitação no uso da TV e vídeo indicam que os educadores reconhecem o potencial pedagógico do canal do MEC e estão predispostos à maior e melhor utilização da TV Escola.
A terceira dificuldade diz respeito exatamente à questão da avaliação do programa. No Censo Escolar, há perguntas sobre os equipamentos, mas faltam levantamentos sobre qualidade do uso. Esporadicamente, são realizadas avaliações externas amostrais, mas o custo é elevado e a operacionalização difícil, dada a abrangência da rede educacional. Com a TV Digital Interativa, o MEC poderá colher dados em tempo real, disseminar resultados e aprimorar o programa.
Por isso, a TV Digital aberta e gratuita representa uma oportunidade ímpar na resolução de alguns problemas estruturais da TV Escola, além de apontar para outras possibilidades exclusivas do meio, entre elas, a interatividade.
A TV ESCOLA ANTECIPA-SE À TV DIGITAL
A equipe de profissionais da TV Escola está consciente de que, em todo o mundo, o maior desafio da TV Digital está na produção de conteúdos apropriados, mais do que na questão da tecnologia. Assim, apesar de haver problemas e desafios a vencer no aspecto da infra-estrutura, na produção própria de conteúdos educacionais, a TV Escola vem desenvolvendo estudos e projetos que definem novos rumos para a interatividade e lançam desafios aos produtores, pesquisadores e empresas que buscam soluções
tecnológicas para a TV Digital.
De fato, é na educação que a TV Digital Interativa alcança seu mais nobre ideal de interatividade: o que chama o telespectador para a análise crítica dos conteúdos, nele despertando o desejo de criar. Trata-se de uma nova forma de oferecer os programas, reconhecendo no usuário (alunos, professores, gestores e outros) um sujeito ativo e não passivo. Pedagogicamente falando, busca-se concretizar desafios lançados por Paulo Freire, Vigotsky, Piaget, Morin e outros educadores que põem em relevo a complexidade e totalidade do ser humano e sua capacidade de construir significados e de gerar projetos e conhecimentos socialmente relevantes.
Obviamente, uma pedagogia de incentivo à formação do leitor crítico dos meios e de estímulo à autoria exigirá uma infra-estrutura que fomente e concretize as inúmeras respostas de atores individuais e coletivos motivados a explorar, analisar, contextualizar, aprofundar, expandir, enfim, a produzir sua própria visão e experiência sobre o tema.
Assim, soluções tecnológicas para a TV Digital Interativa a ser utilizada pela área de educação são mais complexas do que as demandas da TV comercial. E resolver esse desafio significa colocar o Brasil na dianteira em relação a muitos países.
Sinalizando sua disposição no pioneirismo e não se limitar a discursos, a TV Escola está finalizando um programa - GerAção Saúde - que aponta caminhos de interatividade para a TV Digital, não em uma versão de simples escolhas entre A, B ou C, mas envolvendo o telespectador em propostas mais criativas.
Outro exemplo da ousadia da TV Escola é a realização do 1º Programa TV Escola de Fomento a Conteúdos Educacionais Multimeios, que selecionará projetos televisivos que atendam ao formato de pré-exibição, exibição e pós-exibição. Esse formato, a seguir apresentado, pretende traduzir a nova pedagogia da TV Escola: a que integra tecnologias - preparando a TV Digital Interativa - e fomenta a autoria própria.
- Pré-exibição: concisa orientação e preparação do educador para a análise do vídeo e sua futura utilização, dentro e fora da sala de aula. A pré-exibição vai ao ar, obrigatoriamente, pela TV Escola, podendo também ser veiculada na Internet, e busca atrair o educador, despertando seu interesse em relação aos objetivos, conhecimentos e competências que podem ser explorados com o programa, assim como seu uso multidisciplinar, além de auxiliá-lo a preparar um plano de aula mais completo e diferenciado. Exemplos de pré-exibição: trailers, teasers, previews, cenas de bastidores etc.
- Exibição: é o programa televisivo que vai ao ar pela TV Escola e, eventualmente, em outros canais de televisão e que aborda determinado tema, utilizando todos os recursos tecnológicos da moderna televisão e garantindo qualidade de áudio, imagem e conteúdo científico-cultural-educacional.
- Pós-exibição: conjunto de atividades multimeios que complementa a aprendizagem proporcionada pelo vídeo e que antecipa conteúdos interativos da TV digital. Na pós-exibição, o aluno poderá testar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no vídeo. Como exemplo de pós-exibição, destacam-se: testes; textos, vídeos e links complementares; sugestões de projetos e atividades; jogos educativos; objetos interativos de aprendizagem; atividades na web; enquetes; iconografia, entre outros.
Ainda no que diz respeito a conteúdos, a TV Escola prepara-se para, em 2006, abrir duas novas faixas em sua programação: uma que atenda à qualificação profissional e outra para apoiar a Universidade Aberta do Brasil - programa que amplia significativamente as possibilidades de acesso à educação superior.
Paralelamente à produção de conteúdos educacionais que promovam a interatividade, a Secretaria de Educação a Distância lançou o Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, que objetiva formar professores e gestores capazes de ler criticamente os meios e de produzir para TV, vídeo, redes, rádio e, ainda, materiais impressos.
As perspectivas e projetos apresentados consolidam a TV Escola como um poderoso veículo de educação, cobrindo desde a educação infantil até a profissionalizante e a superior, sem esquecer a formação continuada de educadores.
NECESSIDADES DA TV ESCOLA NO SBTVD
O Ministério da Educação acredita que a presença da TV Escola no Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD é estratégica e fundamental para o desenvolvimento das potencialidades da Educação, graças, principalmente, à interatividade.
Uma das dificuldades que a Educação a Distância encontra num país tão extenso quanto o Brasil é a possibilidade real de avaliar, objetivamente e sem ruídos, a resposta do "outro lado da linha" - a do professor e a do aluno. Assim, a TV Escola no SBTVD poderia implantar um sistema de avaliação quantitativa e qualitativa que permitiria o aperfeiçoamento constante do programa e o desenvolvimento de soluções flexíveis e descentralizadas para responder a demandas específicas ou regionais.
Dentro das possibilidades tecnológicas apontadas pelos modelos estrangeiros e sugeridas pelos consórcios nacionais, o MEC aponta a interatividade como ferramenta essencial para a prática plena de uma educação sem distâncias e de alto padrão de qualidade.
Por isso, dentro das freqüências a serem licitadas para os novos players, a TV Escola necessita de espaço para transmissão em SDTV e com banda suficiente para todas essas aplicações interativas. Para tanto, o sinal da TV Escola deve ser carregado pelas empresas vencedoras do processo licitatório, de forma que todas as regiões do País possam receber a programação do canal da educação.
Com isso, o Governo Federal estará garantindo uma política de Estado que respeita os princípios e objetivos estabelecidos pela Constituição Federal para o setor de educação e para os meios de comunicação - finalidades educativas, culturais, com a valorização de programação regional e independente, garantindo o cumprimento do direito à informação plural e diversificada, dentro de elevados padrões estéticos e éticos.
Mais do que qualquer outro canal de televisão, o potencial de inclusão tecnológica, social e educacional da TV Escola? é enorme e sua determinação na produção e seleção de conteúdos, sua independência em relação a interesses comerciais e seu compromisso inequívoco com o cidadão qualificam-na como um canal estratégico para a democratização e eqüidade da educação brasileira e essencial para o desenvolvimento sustentável e soberano do País.
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