José Manuel Moran
As tecnologias de comunicação permitem cada vez mais escolhas. Mas, na prática, há muito mais possibilidades de interação do que interações efetivas. Há um acordo “tácito” entre produtores e consumidores: se oferecem muitas alternativas na área de entretenimento (filmes, games) e de serviços (telemarketing, home-banking) do que em outros campos, como o da informação ou de debates.
O fantástico desenvolvimento de tecnologias pessoais, móveis, mais baratas e cada vez mais interativas está propiciando mudanças significativas nas formas de trabalho, de lazer, de comunicação com pessoas próximas e distantes. Modificam-se as concepções de espaço e de tempo, do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador.
A extraordinária expansão destas tecnologias faz com que muitos se deslumbrem e concluam que elas poderão resolver os grandes problemas que nos afligem, que as tecnologias diminuirão as desigualdades sociais, democratizarão o acesso aos bens culturais e econômicos. As redes vão permitir-nos relacionar-nos de forma diferente com o espaço e o tempo, falando, vendo-nos e trabalhando juntos, não importa a que distância e a um custo ínfimo. Poderemos ver-nos, ouvir-nos a distância, fazer compras sem sair de casa, pagar qualquer conta sem ir ao banco, estudar e trabalhar, ficando cada vez mais em casa.
De outro lado, também encontramos muitos críticos de toda essa parafernáliatecnológica, como Neil Postman em Tecnopólio, cheia de gadgets inúteis, de soluções à procura de problemas, que acentuam a acomodação das pessoas, que as encerram mais e mais em casa, que diminuem o contato físico, enquanto aumentam o individualismo e a alienação.
Nem o deslumbramento nem a crítica radical nos ajudarão a compreender melhor como lidar com as tecnologias. Elas nos ajudam e complicam. Nenhuma tecnologia é inocente. Socialmente são introduzidas por grandes grupos , procurando facilitar a nossa vida. Passada a fase de resistência, chega um momento em que o seu uso se torna majoritário e é imposto socialmente. Hoje o computador atingiu esse estágio dominador. Queiramo-lo ou não já está instalado em quase todos os aspectos das nossas vidas e a tendência é, pela miniaturização, a estar presente em todos os momentos e atividades pessoais, grupais e sociais.
Do ponto de vista pessoal, depende de como as utilizarmos. Elas são extensões da nossa mente e fazemos com elas o que fazemos com a nossa pessoa e nossas vidas. Ampliamos nossa busca, comunicação e ação nas mesmas direções. Uma pessoa que lê revistas de fofocas procurará na Internet sites ou fóruns que lhe permitam um contato maior com esses mesmos assuntos. As tecnologias facilitam extraordinariamente nossa vida, mas também não podemos ignorar que a excessiva dependência delas nos torna vulneráveis individual e coletivamente.
É possível criar usos múltiplos e diferenciados para as tecnologias. Nisso está o seu encantamento, o seu poder de sedução. Os produtores pesquisam o que nosinteressa e o criam, adaptam e distribuem para aproximá-lo de nós. A sociedade, aos poucos, parte do uso inicial, previsto, para outras utilizações inovadoras ou inesperadas. Podemos fazer coisas diferentes com as mesmas tecnologias. Com a Internet podemos comunicar-nos - enviar e receber mensagens - podemos buscar informações, podemos fazer propaganda, ganhar dinheiro, divertir-nos ou vagar curiosos, como “voyeurs” pelo mundo virtual.
Cada tecnologia modifica algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço. O telefone celular vem dando-nos uma mobilidade inimaginável alguns anos atrás. Posso ser alcançado - se quiser - ou conectar-me com qualquer lugar sem depender de ter um cabo ou rede física por perto. A miniaturização das tecnologias de comunicação vem permitindo uma grande maleabilidade, mobilidade, personalização (vide, telefone celular, notebook, pocket, mp3...), que facilitam a individualização dos processos de comunicação, o estar sempre disponível (alcançável), em qualquer lugar e horário. Essas tecnologias portáteis expressam de forma patente a ênfase do capitalismo no individual mais do que no coletivo, a valorização da liberdade de escolha, de eu poder agir, seguindo a minha vontade. Elas vêem de encontro a forças poderosas, instintivas, primitivas dentro de nós, às quais somos extremamente sensíveis e que, por isso, conseguem fácil aceitação social.
A tecnologia de redes eletrônicas modifica profundamente o conceito de tempo e espaço. Posso morar em um lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, às grandes bibliotecas, aos colegas de profissão, a inúmeros serviços. Posso fazer boa parte do trabalho sem sair de casa. Posso levar o notebook para a praia e, enquanto descanso, pesquisar, comunicar-me, trabalhar com outras pessoas à distância. São possibilidades reais inimagináveis há pouquíssimos anos e que estabelecem novos elos, situações, serviços, que,
dependerão da aceitação de cada um, para efetivamente funcionar.
Uma mudança significativa - que vem acentuando-se nos últimos anos - é a necessidade de comunicar-nos através de sons, imagens e textos, integrando mensagens e tecnologias multimídia. Estamos passando dos sistemas analógicos de produção e transmissão para os digitais. O computador está integrando todas as telas antes dispersas, tornando-se, simultaneamente, um instrumento de trabalho, de comunicação e de lazer. A mesma tela serve para ver um programa de televisão, para fazer compras, enviar mensagens, participar de um debate através de videoconferência, participar da realização, ao vivo, de um projeto com vários colegas, espalhados em vários continentes.
A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimídia. O som não será um acessório, mas uma parte integral da narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela sua maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de deslocamento e de transmissão.
Os intelectuais ou criticam violentamente as possibilidades dos novos meios ou vêem em cada meio que aparece possibilidades novas de participação dos cidadãos, de elevação do seu nível cultural. Quando surgem o cinema, o rádio e, depois, a televisão ressaltam as possibilidades educacionais, culturais e comunicacionais de cada meio. Mas na realidade esses meios são apropriados pelo capitalismo, que os transforma em indústria, buscando o lucro fácil e universal e que leva ao predomínio de conteúdos de entretenimento e a formas de comunicação mais dirigidas do que participativas. As limitações de interação não eram principalmentetécnicas, mas da forma de organização empresarial capitalista.
Na essência, não são as tecnologias de comunicação que mudam a sociedade, mas a sua utilização dentro do modo de produção capitalista, que busca o lucro, a expansão, a internacionalização de tudo o que tem valor econômico. Os mecanismos intrínsecos de expansão do capitalismo apressam a difusão das tecnologias, que podem gerar ou veicular todas as formas de lucro. Por isso há interesse em ampliar o alcance da sua difusão, para poder atingir o maior número possível das pessoas economicamente produtivas, isto é, das que podem consumir.
As tecnologias de comunicação permitem cada vez mais escolhas. Mas, na prática, há mais possibilidades de interação do que interações efetivas por parte dos consumidores. A sociedade pode, na maior parte das atividades do cotidiano, exercer escolhas das mais simples às mais complexas. Numa televisão, começamos pela escolha (com e sem controle remoto) entre vários e muitos canais (de sete a mais de 150) - vhf, uhf, por satélite, por cabo. Podemos ter mais de um canal na tela (picture in picture), aumentar, diminuir ou eliminar som e/ou imagem. Na TV ou vídeo em estéreo, às vezes, podemos escolher uma narrativa na língua estrangeira ou na língua local. Podemos escolher simplesmente assistir um programa; podemos assistir e gravar o que assistimos, podemos assistir um determinado programa e gravar outro, podemos não estar assistindo nenhum e
gravar, pré-programar.
Escrevemos textos, com mil possibilidades de edição, inserção de imagens, de gráficos, vários tipos de letra, de formatação do texto-imagem, de cores. Os programas de multimídia tornam-se aos poucos mais acessíveis, permitindo o uso e a produção de textos, imagens fixas e em movimento, voz, música, navegando de forma aleatória, não linear, com interferência decisiva do usuário, que, nos programas de hipertexto, pode acrescentar suas próprias informações. Podemos executar programas lineares e complexos, fechados e abertos, sozinhos ou com outros, presencialmente ou à distância. Podemos comunicar-nos à distância com outros, através de redes eletrônicas, enviar, receber e registrar mensagens, procurar informações antigas e novas, prestar e receber serviços. O computador se alia ao CD-ROM e ao DVD e pode gerenciar a leitura e a busca de informação, leituras rápidas seqüenciais e leituras aleatórias, mais interativas; se liga a uma televisão ou a um data-show e amplia para um grupo de alunos os dados e as imagens que estão no computador.
Em síntese, os meios de comunicação, principalmente os eletrônicos, permitem e exigem hoje inúmeras escolhas contínuas, ampliam o leque de possibilidades de interação, tornam a sociedade mais e mais multimídica.
Atualmente estamos passando de um período de escassez de meios eletrônicos (poucos canais) para outro de fartura (com mais de 200 canais por televisão de transmissão direta), com várias tecnologias que permitem compras, serviços bancários, participação em debates sem sair de casa. Os meios eletrônicos permitem hoje, tecnologicamente, uma maior interação que antes. Mas a questão é até onde vai essa interação na prática. Continuará a mesma distância entre quem produz e quem “recebe” as mensagens, ou essa distância está diminuindo?.
Pelas experiências interativas que acompanhamos no exterior, as pessoas as aceitam mais na área de jogos, de concursos, de entretenimento, de escolha de filmes (pay per view ou vídeo on demand) do que em áreas mais exigentes como em informação ou educação. Até agora, nas experiências preliminares com tecnologias interativas, os serviços mais procurados são os mesmos que na televisão convencional: mais e mais lazer. Não sabemos atualmente se essa tendência se modificará nos próximos anos. Mas a nossa hipótese principal é que os
produtores orientam os telespectadores para formas de participação “fáceis” (entretenimento), imediatistas e relativamente simplistas (sim-não, favor-contra), o que expressa atualmente uma conivência implícita com os “telespectadores”, que escolhem também as formas mais fáceis de interação, as que dão menos trabalho, propondo escolhas mais simplistas (sim-não, favor-contra).
Essa tendência acomodada de escolher o mais fácil se aplica ao público, em geral. Mas, ao mesmo tempo, estão despontando formas participativas específicas, mais alternativas como vem acontecendo em alguns canais de acesso público nos Estados Unidos, em televisões comunitárias.
A tendência nestes próximos anos é à fusão da televisão com o computador e o telefone num só meio. A televisão será usada para conversar à distância com as pessoas, vendo-as, para trabalhar em conjunto, para colocar as propostas audiovisuais de cada um na tela. A tendência é que cada um possa ser também produtor e não só receptor. Mas neste momento estamos começando a experimentar formas mais participativas de acesso à televisão por parte de grupos mais organizados, como associações, ONGs, universidades.
O fantástico desenvolvimento de tecnologias pessoais, móveis, mais baratas e cada vez mais interativas está propiciando mudanças significativas nas formas de trabalho, de lazer, de comunicação com pessoas próximas e distantes. Modificam-se as concepções de espaço e de tempo, do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador.
A extraordinária expansão destas tecnologias faz com que muitos se deslumbrem e concluam que elas poderão resolver os grandes problemas que nos afligem, que as tecnologias diminuirão as desigualdades sociais, democratizarão o acesso aos bens culturais e econômicos. As redes vão permitir-nos relacionar-nos de forma diferente com o espaço e o tempo, falando, vendo-nos e trabalhando juntos, não importa a que distância e a um custo ínfimo. Poderemos ver-nos, ouvir-nos a distância, fazer compras sem sair de casa, pagar qualquer conta sem ir ao banco, estudar e trabalhar, ficando cada vez mais em casa.
De outro lado, também encontramos muitos críticos de toda essa parafernáliatecnológica, como Neil Postman em Tecnopólio, cheia de gadgets inúteis, de soluções à procura de problemas, que acentuam a acomodação das pessoas, que as encerram mais e mais em casa, que diminuem o contato físico, enquanto aumentam o individualismo e a alienação.
Nem o deslumbramento nem a crítica radical nos ajudarão a compreender melhor como lidar com as tecnologias. Elas nos ajudam e complicam. Nenhuma tecnologia é inocente. Socialmente são introduzidas por grandes grupos , procurando facilitar a nossa vida. Passada a fase de resistência, chega um momento em que o seu uso se torna majoritário e é imposto socialmente. Hoje o computador atingiu esse estágio dominador. Queiramo-lo ou não já está instalado em quase todos os aspectos das nossas vidas e a tendência é, pela miniaturização, a estar presente em todos os momentos e atividades pessoais, grupais e sociais.
Do ponto de vista pessoal, depende de como as utilizarmos. Elas são extensões da nossa mente e fazemos com elas o que fazemos com a nossa pessoa e nossas vidas. Ampliamos nossa busca, comunicação e ação nas mesmas direções. Uma pessoa que lê revistas de fofocas procurará na Internet sites ou fóruns que lhe permitam um contato maior com esses mesmos assuntos. As tecnologias facilitam extraordinariamente nossa vida, mas também não podemos ignorar que a excessiva dependência delas nos torna vulneráveis individual e coletivamente.
É possível criar usos múltiplos e diferenciados para as tecnologias. Nisso está o seu encantamento, o seu poder de sedução. Os produtores pesquisam o que nosinteressa e o criam, adaptam e distribuem para aproximá-lo de nós. A sociedade, aos poucos, parte do uso inicial, previsto, para outras utilizações inovadoras ou inesperadas. Podemos fazer coisas diferentes com as mesmas tecnologias. Com a Internet podemos comunicar-nos - enviar e receber mensagens - podemos buscar informações, podemos fazer propaganda, ganhar dinheiro, divertir-nos ou vagar curiosos, como “voyeurs” pelo mundo virtual.
Cada tecnologia modifica algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço. O telefone celular vem dando-nos uma mobilidade inimaginável alguns anos atrás. Posso ser alcançado - se quiser - ou conectar-me com qualquer lugar sem depender de ter um cabo ou rede física por perto. A miniaturização das tecnologias de comunicação vem permitindo uma grande maleabilidade, mobilidade, personalização (vide, telefone celular, notebook, pocket, mp3...), que facilitam a individualização dos processos de comunicação, o estar sempre disponível (alcançável), em qualquer lugar e horário. Essas tecnologias portáteis expressam de forma patente a ênfase do capitalismo no individual mais do que no coletivo, a valorização da liberdade de escolha, de eu poder agir, seguindo a minha vontade. Elas vêem de encontro a forças poderosas, instintivas, primitivas dentro de nós, às quais somos extremamente sensíveis e que, por isso, conseguem fácil aceitação social.
A tecnologia de redes eletrônicas modifica profundamente o conceito de tempo e espaço. Posso morar em um lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, às grandes bibliotecas, aos colegas de profissão, a inúmeros serviços. Posso fazer boa parte do trabalho sem sair de casa. Posso levar o notebook para a praia e, enquanto descanso, pesquisar, comunicar-me, trabalhar com outras pessoas à distância. São possibilidades reais inimagináveis há pouquíssimos anos e que estabelecem novos elos, situações, serviços, que,
dependerão da aceitação de cada um, para efetivamente funcionar.
Uma mudança significativa - que vem acentuando-se nos últimos anos - é a necessidade de comunicar-nos através de sons, imagens e textos, integrando mensagens e tecnologias multimídia. Estamos passando dos sistemas analógicos de produção e transmissão para os digitais. O computador está integrando todas as telas antes dispersas, tornando-se, simultaneamente, um instrumento de trabalho, de comunicação e de lazer. A mesma tela serve para ver um programa de televisão, para fazer compras, enviar mensagens, participar de um debate através de videoconferência, participar da realização, ao vivo, de um projeto com vários colegas, espalhados em vários continentes.
A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimídia. O som não será um acessório, mas uma parte integral da narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela sua maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de deslocamento e de transmissão.
Os intelectuais ou criticam violentamente as possibilidades dos novos meios ou vêem em cada meio que aparece possibilidades novas de participação dos cidadãos, de elevação do seu nível cultural. Quando surgem o cinema, o rádio e, depois, a televisão ressaltam as possibilidades educacionais, culturais e comunicacionais de cada meio. Mas na realidade esses meios são apropriados pelo capitalismo, que os transforma em indústria, buscando o lucro fácil e universal e que leva ao predomínio de conteúdos de entretenimento e a formas de comunicação mais dirigidas do que participativas. As limitações de interação não eram principalmentetécnicas, mas da forma de organização empresarial capitalista.
Na essência, não são as tecnologias de comunicação que mudam a sociedade, mas a sua utilização dentro do modo de produção capitalista, que busca o lucro, a expansão, a internacionalização de tudo o que tem valor econômico. Os mecanismos intrínsecos de expansão do capitalismo apressam a difusão das tecnologias, que podem gerar ou veicular todas as formas de lucro. Por isso há interesse em ampliar o alcance da sua difusão, para poder atingir o maior número possível das pessoas economicamente produtivas, isto é, das que podem consumir.
As tecnologias de comunicação permitem cada vez mais escolhas. Mas, na prática, há mais possibilidades de interação do que interações efetivas por parte dos consumidores. A sociedade pode, na maior parte das atividades do cotidiano, exercer escolhas das mais simples às mais complexas. Numa televisão, começamos pela escolha (com e sem controle remoto) entre vários e muitos canais (de sete a mais de 150) - vhf, uhf, por satélite, por cabo. Podemos ter mais de um canal na tela (picture in picture), aumentar, diminuir ou eliminar som e/ou imagem. Na TV ou vídeo em estéreo, às vezes, podemos escolher uma narrativa na língua estrangeira ou na língua local. Podemos escolher simplesmente assistir um programa; podemos assistir e gravar o que assistimos, podemos assistir um determinado programa e gravar outro, podemos não estar assistindo nenhum e
gravar, pré-programar.
Escrevemos textos, com mil possibilidades de edição, inserção de imagens, de gráficos, vários tipos de letra, de formatação do texto-imagem, de cores. Os programas de multimídia tornam-se aos poucos mais acessíveis, permitindo o uso e a produção de textos, imagens fixas e em movimento, voz, música, navegando de forma aleatória, não linear, com interferência decisiva do usuário, que, nos programas de hipertexto, pode acrescentar suas próprias informações. Podemos executar programas lineares e complexos, fechados e abertos, sozinhos ou com outros, presencialmente ou à distância. Podemos comunicar-nos à distância com outros, através de redes eletrônicas, enviar, receber e registrar mensagens, procurar informações antigas e novas, prestar e receber serviços. O computador se alia ao CD-ROM e ao DVD e pode gerenciar a leitura e a busca de informação, leituras rápidas seqüenciais e leituras aleatórias, mais interativas; se liga a uma televisão ou a um data-show e amplia para um grupo de alunos os dados e as imagens que estão no computador.
Em síntese, os meios de comunicação, principalmente os eletrônicos, permitem e exigem hoje inúmeras escolhas contínuas, ampliam o leque de possibilidades de interação, tornam a sociedade mais e mais multimídica.
Atualmente estamos passando de um período de escassez de meios eletrônicos (poucos canais) para outro de fartura (com mais de 200 canais por televisão de transmissão direta), com várias tecnologias que permitem compras, serviços bancários, participação em debates sem sair de casa. Os meios eletrônicos permitem hoje, tecnologicamente, uma maior interação que antes. Mas a questão é até onde vai essa interação na prática. Continuará a mesma distância entre quem produz e quem “recebe” as mensagens, ou essa distância está diminuindo?.
Pelas experiências interativas que acompanhamos no exterior, as pessoas as aceitam mais na área de jogos, de concursos, de entretenimento, de escolha de filmes (pay per view ou vídeo on demand) do que em áreas mais exigentes como em informação ou educação. Até agora, nas experiências preliminares com tecnologias interativas, os serviços mais procurados são os mesmos que na televisão convencional: mais e mais lazer. Não sabemos atualmente se essa tendência se modificará nos próximos anos. Mas a nossa hipótese principal é que os
produtores orientam os telespectadores para formas de participação “fáceis” (entretenimento), imediatistas e relativamente simplistas (sim-não, favor-contra), o que expressa atualmente uma conivência implícita com os “telespectadores”, que escolhem também as formas mais fáceis de interação, as que dão menos trabalho, propondo escolhas mais simplistas (sim-não, favor-contra).
Essa tendência acomodada de escolher o mais fácil se aplica ao público, em geral. Mas, ao mesmo tempo, estão despontando formas participativas específicas, mais alternativas como vem acontecendo em alguns canais de acesso público nos Estados Unidos, em televisões comunitárias.
A tendência nestes próximos anos é à fusão da televisão com o computador e o telefone num só meio. A televisão será usada para conversar à distância com as pessoas, vendo-as, para trabalhar em conjunto, para colocar as propostas audiovisuais de cada um na tela. A tendência é que cada um possa ser também produtor e não só receptor. Mas neste momento estamos começando a experimentar formas mais participativas de acesso à televisão por parte de grupos mais organizados, como associações, ONGs, universidades.
A televisão, novo espaço de mediação
Vamos inchando as cidades. As pessoas criam suas redes de trabalho, de comunicação, de vida. Circulam em grupos diferentes, em “tribos” mais ou menos duráveis, importantes. As instituições tradicionais - Igreja, família, polícia, governo, partidos políticos - estão em profunda crise de identidade. Todas elas estão reformulando-se e transmitem uma sensação de inadequação como espaços legítimos de inserção dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, os meios de comunicação vêm experimentando um desenvolvimento fantástico, ocupando espaços importantes na nossa vida, tornando-se pontos de referência e de mediação em todas as idades e para todas as atividades. A televisão, pela aliança com o poder econômico via publicidade, se expandem sem parar, realiza as principais mediações dos cidadãos, se transforma nos grandes espaços de identificação de todos nós. “Encontramo-nos” nos meios, no imaginário e na informação, no entretenimento descompromissado e nos grandes momentos para a cidade e para o país. A televisão principalmente é o meio mediador por excelência atualmente, é nosso ponto de referência onde quer que estivermos. Ao viajar por qualquer cidade do Brasil reencontramos os mesmos programas, os mesmos apresentadores, continuamos mantendo o mesmo diálogo
mudo costumeiro.
Diante da crise das instituições políticas, muitas pessoas procuram nos Meios de Comunicação, principalmente na televisão, as saídas pessoais para alguns dos seus problemas. Como a prática da justiça no Brasil costuma ser demorada, é comum procurar a televisão para resolver conflitos, principalmente no campo econômico.
Vamos aos Meios para informar-nos, para divertir-nos e voltamos ao cotidiano para intercambiar nossas percepções, nossos sentimentos, nossas idéias mediadas pela televisão. Agora começamos a ampliar a interação através da Internet, da Televisão paga, mas ainda é na televisão aberta que reencontramos a nossa identidade pessoal, nacional e internacional.
Vamos inchando as cidades. As pessoas criam suas redes de trabalho, de comunicação, de vida. Circulam em grupos diferentes, em “tribos” mais ou menos duráveis, importantes. As instituições tradicionais - Igreja, família, polícia, governo, partidos políticos - estão em profunda crise de identidade. Todas elas estão reformulando-se e transmitem uma sensação de inadequação como espaços legítimos de inserção dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, os meios de comunicação vêm experimentando um desenvolvimento fantástico, ocupando espaços importantes na nossa vida, tornando-se pontos de referência e de mediação em todas as idades e para todas as atividades. A televisão, pela aliança com o poder econômico via publicidade, se expandem sem parar, realiza as principais mediações dos cidadãos, se transforma nos grandes espaços de identificação de todos nós. “Encontramo-nos” nos meios, no imaginário e na informação, no entretenimento descompromissado e nos grandes momentos para a cidade e para o país. A televisão principalmente é o meio mediador por excelência atualmente, é nosso ponto de referência onde quer que estivermos. Ao viajar por qualquer cidade do Brasil reencontramos os mesmos programas, os mesmos apresentadores, continuamos mantendo o mesmo diálogo
mudo costumeiro.
Diante da crise das instituições políticas, muitas pessoas procuram nos Meios de Comunicação, principalmente na televisão, as saídas pessoais para alguns dos seus problemas. Como a prática da justiça no Brasil costuma ser demorada, é comum procurar a televisão para resolver conflitos, principalmente no campo econômico.
Vamos aos Meios para informar-nos, para divertir-nos e voltamos ao cotidiano para intercambiar nossas percepções, nossos sentimentos, nossas idéias mediadas pela televisão. Agora começamos a ampliar a interação através da Internet, da Televisão paga, mas ainda é na televisão aberta que reencontramos a nossa identidade pessoal, nacional e internacional.
A interação real e a virtual
A maior parte das notícias, das informações não as presenciamos, nos chegam através da mediação de profissionais, de diversas mídias. A maior parte da informação sobre o mundo é virtual, isto é, não a conhecemos pessoalmente, nos é oferecida por terceiros. Nosso contato com o mundo é relativamente pequeno, em termos presenciais: interagimos com poucas pessoas, vivemos em poucos lugares, ocupamos poucos espaços. Ao mesmo tempo, estamos em contato com o mundo inteiro através da comunicação por satélite, pelo cabo, pela Internet, pelo telefone celular, pelos jornais, revistas, rádio, televisão. Por estas tecnologias podemos ter acesso a milhões de notícias, de informações, de conversas com incontáveis pessoas, direta e indiretamente, em tempo real ou não. As possibilidades de navegar virtualmente aumentaram dramaticamente nestes últimos anos e continuam a evoluir sem parar.
Há conflito entre a comunicação física e a virtual? Sim e não. De um lado, a comunicação virtual se espalha tanto, se torna tão mais barata e fácil, que incita às pessoas a acomodar-se, a querer resolver quase tudo através das tecnologias. Por que vou enfrentar o trânsito se o outro pode ver-me e eu a ele? Só irei lá se creio que ganharei mais com a presença do que com a distância. Se tenho que pagar uma conta, até agora preciso deslocar-me até uma agência bancária, sair de casa.
Nessa obrigação, posso encontrar acidentalmente alguém e estabelecer novos contatos. Se posso pagar a mesma conta conectado da minha casa ou escritório, não irei até o banco, a não ser que tenha outras razões pessoais. Muitas saídas anteriores diminuirão. A vida ficará mais facilitada. A tendência normal será estar mais tempo no meu lugar de conforto, na minha casa, no meu quarto, no meu escritório. Passarei mais tempo lá, sozinho e conectado com outras pessoas, vendo-as, ouvindo-as quando achar necessário. Terei muitas razões para isolar-me.
De outro lado, todos precisamos de contatos pessoais, de pele, olho-no-olho, de sentir a pessoa ao lado, compartilhando tempos e espaços exclusivos das nossasvidas. São os espaços que reservamos aos amigos, aos namorados, à família. Esses contatos podem ser alimentados também virtualmente, mas ganham uma dimensão qualitativamente superior através do contato físico. O que considerarmos fundamental nas nossas vidas o faremos presencialmente. As tarefas, serviços, trabalho e a manutenção dos grupos a que pertencemos poderemos fazê-lo virtualmente.
O grau de interação virtual e física variará dependendo da fase de vida de cada um (um adolescente precisa de muito mais contato físico do que um adulto, normalmente). Depende também do tipo de personalidade (há personalidades mais extrovertidas, que precisam do contato físico e outras mais introvertidas, que preferem ficar mais tempo sozinhas). Depende também do grau de equilibração pessoal, de confiança diante da vida e dos outros. Se confio neles, os procurarei mais. Se desconfio, se tenho medo, interagirei menos presencialmente.
Há um exagero em alguns intelectuais diante da força da comunicação em rede. Extraem conseqüências apocalípticas, como se tudo girasse em torno da rede virtual. A comunicação virtual já vem acontecendo há muito tempo nas atitudes básicas das pessoas. Se passo cinco horas por dia vendo novelas da televisão estou em contato durante cinco horas com estórias virtuais. Saio do meu entorno físico para vivenciar, interagir com outras histórias fora de mim. Quando no fim de semana muitas pessoas passam numa locadora e levam 5 ou 10 vídeos para passar o fim de semana, estão preparando-se para mergulhar em outras histórias fora do contexto físico delas. Vivem experiências de comunicação virtual. Quando ligo a TVa cabo e passo horas e horas de um seriado para outro, de um canal para outro, estou entrando em contato com diversas realidades virtuais. Muitos hoje vivem mais interações virtuais do que reais, se emocionam mais com histórias de uma telenovela do que com histórias semelhantes que acontecem ao seu redor.
O que a tecnologia acrescenta agora é a facilidade de estabelecer interações com pessoas reais a distância, ao vivo, a um custo reduzido. Quem quiser interagir hoje vai encontrar muitas possibilidades de realizá-lo. Quem não quiser interagir, quem quiser isolar-se ou viver só num grupo afetivo presencial, continuará podendo fazê-lo tranqüilamente.
A maior parte das notícias, das informações não as presenciamos, nos chegam através da mediação de profissionais, de diversas mídias. A maior parte da informação sobre o mundo é virtual, isto é, não a conhecemos pessoalmente, nos é oferecida por terceiros. Nosso contato com o mundo é relativamente pequeno, em termos presenciais: interagimos com poucas pessoas, vivemos em poucos lugares, ocupamos poucos espaços. Ao mesmo tempo, estamos em contato com o mundo inteiro através da comunicação por satélite, pelo cabo, pela Internet, pelo telefone celular, pelos jornais, revistas, rádio, televisão. Por estas tecnologias podemos ter acesso a milhões de notícias, de informações, de conversas com incontáveis pessoas, direta e indiretamente, em tempo real ou não. As possibilidades de navegar virtualmente aumentaram dramaticamente nestes últimos anos e continuam a evoluir sem parar.
Há conflito entre a comunicação física e a virtual? Sim e não. De um lado, a comunicação virtual se espalha tanto, se torna tão mais barata e fácil, que incita às pessoas a acomodar-se, a querer resolver quase tudo através das tecnologias. Por que vou enfrentar o trânsito se o outro pode ver-me e eu a ele? Só irei lá se creio que ganharei mais com a presença do que com a distância. Se tenho que pagar uma conta, até agora preciso deslocar-me até uma agência bancária, sair de casa.
Nessa obrigação, posso encontrar acidentalmente alguém e estabelecer novos contatos. Se posso pagar a mesma conta conectado da minha casa ou escritório, não irei até o banco, a não ser que tenha outras razões pessoais. Muitas saídas anteriores diminuirão. A vida ficará mais facilitada. A tendência normal será estar mais tempo no meu lugar de conforto, na minha casa, no meu quarto, no meu escritório. Passarei mais tempo lá, sozinho e conectado com outras pessoas, vendo-as, ouvindo-as quando achar necessário. Terei muitas razões para isolar-me.
De outro lado, todos precisamos de contatos pessoais, de pele, olho-no-olho, de sentir a pessoa ao lado, compartilhando tempos e espaços exclusivos das nossasvidas. São os espaços que reservamos aos amigos, aos namorados, à família. Esses contatos podem ser alimentados também virtualmente, mas ganham uma dimensão qualitativamente superior através do contato físico. O que considerarmos fundamental nas nossas vidas o faremos presencialmente. As tarefas, serviços, trabalho e a manutenção dos grupos a que pertencemos poderemos fazê-lo virtualmente.
O grau de interação virtual e física variará dependendo da fase de vida de cada um (um adolescente precisa de muito mais contato físico do que um adulto, normalmente). Depende também do tipo de personalidade (há personalidades mais extrovertidas, que precisam do contato físico e outras mais introvertidas, que preferem ficar mais tempo sozinhas). Depende também do grau de equilibração pessoal, de confiança diante da vida e dos outros. Se confio neles, os procurarei mais. Se desconfio, se tenho medo, interagirei menos presencialmente.
Há um exagero em alguns intelectuais diante da força da comunicação em rede. Extraem conseqüências apocalípticas, como se tudo girasse em torno da rede virtual. A comunicação virtual já vem acontecendo há muito tempo nas atitudes básicas das pessoas. Se passo cinco horas por dia vendo novelas da televisão estou em contato durante cinco horas com estórias virtuais. Saio do meu entorno físico para vivenciar, interagir com outras histórias fora de mim. Quando no fim de semana muitas pessoas passam numa locadora e levam 5 ou 10 vídeos para passar o fim de semana, estão preparando-se para mergulhar em outras histórias fora do contexto físico delas. Vivem experiências de comunicação virtual. Quando ligo a TVa cabo e passo horas e horas de um seriado para outro, de um canal para outro, estou entrando em contato com diversas realidades virtuais. Muitos hoje vivem mais interações virtuais do que reais, se emocionam mais com histórias de uma telenovela do que com histórias semelhantes que acontecem ao seu redor.
O que a tecnologia acrescenta agora é a facilidade de estabelecer interações com pessoas reais a distância, ao vivo, a um custo reduzido. Quem quiser interagir hoje vai encontrar muitas possibilidades de realizá-lo. Quem não quiser interagir, quem quiser isolar-se ou viver só num grupo afetivo presencial, continuará podendo fazê-lo tranqüilamente.
As interações psicológicas nas redes eletrônicas
O aparecimento das redes interativas é um fenômeno recente e os estudos sobre as formas de recepção nesta mídia ainda estão em fase de desenvolvimento. O fato da Internet estar se expandindo de forma assustadora está propiciando o aparecimento de uma série de trabalhos que enfocam como o receptor esta interagindo através de processos de comunicação virtual. A dimensão psicológica do ciberespaço e da internet apresenta algumas peculiaridades, especialmente relacionadas aos ambientes de chat, sítios na internet onde os navegadores conversam em tempo real. O professor John Suler, Ph.D. da Rider University disponibilizou na Internet um site sobre o assunto que pretende ser um centro virtual de discusssão sobre a psicologia do ciberespaço e cujo o endereço é www.rider.edu/users/suler/psycyber/psycyber.html.
Segundo seus estudos, as duas principais características psicológicas das redes interativas são a noção de espaço e o determinismo tecnológico. A análise psicológica da interação nas redes pode começar a partir do próprio termo “ciberespaço”. Usuários da internet sempre definem o uso do computador na internet através de termos relativos a espaço, tais como “navegar” e “site” (sítio).
Conscientemente ou inconscientemente, usuários da internet sempre sentem que “entraram” em um sítio ou “visitaram” alguma página. Tendo a maior parte de suas relações influenciada por isso. No que se refere ao determinismo tecnológico, muitas características do ciberespaço são explicitadas a partir de limitações ou avanços da tecnologia disponível. Atualmente, em ambientes de chat (conversa em tempo real entre duas ou mais pessoas através de mensagens escritas na tela) é ainda muito difícil ver com quem se está conversando, o que permite a criação de personagens fictícios e mentiras referentes a aparência em ambientes que trabalham só com o texto. É relativamente comum por exemplo, que senhores de 40 anos se passem por meninas de 15 ou que garotos passem por mulheres para freqüentar salas exclusivas para gays. Com a possibilidade de ver com quem se está conversando, alguns destes artifícios não serão mais possíveis ou terão de ser mais elaborados, mudando suas características psicológicas. Como a habilidade de ver e ouvir outras pessoas através da internet mudará o ciberespaço? Os navegadores desejarão ser vistos ou a visão e audição através das redes será sempre uma opção?
Existem também outras características básicas da interação que são comuns a todas as formas de recepção dentro das redes. Em primeiro lugar, devido a estas limitações tecnológicas de que falamos anteriormente, a experiência sensorial na internet ainda é limitada, e a maior parte das interações são feitas através de texto escrito. Depois, chats e e-mails possibilitam anonimato e flexibilidade de personalidade. O usuário pode esconder partes de si mesmo que não goste ou mesmo inventar uma outra personalidade.
A internet possibilita também a chamada “net-democracy” já independentemente dos recursos tecnológicos que os usuários utilizem, ao entrar na internet estão todos em um mesmo nível, sem nenhuma diferenciação aparente. Ainda dentro desta democracia, podemos dizer que não existem limites espaciais (não importa de onde alguém está teclando) ou temporais (grupos de discussão podem se estender ao longo de anos).
Outra característica determinante da interatividade no ciberespaço é a possibilidade de manter gravado tudo o que foi escrito, permanentemente. A internet permite que se grave tudo o que se refere a um determinado relacionamento. O usuário pode lembrar tudo o que disse para outra pessoa, já que pode ter todos os e-mails que mandou gravados no hard-disk . Por fim o acesso a vários relacionamentos também é próprio da internet. Com uma relativa facilidade, um usuário pode contatar pessoas de todo o globo e se comunicar simultaneamente com várias delas ao mesmo tempo através de e-mails ou de janelas específicas. A habilidade de filtrar relacionamentos dentro da rede amplifica o uso de motivações inconscientes junto com escolhas conscientes na seleção de amigos,amantes e inimigos.Expectativas secretas, desejos e medos inconscientes determinam, dentro desta infinidade de possibilidades, como o navegador vai interagir, aproximando as relações dentro das redes com as de fora delas.
As relações de interação dentro do ciberespaço retêm muitas das características dos espaços freqüentados pelo navegador em sua vida quotidiana. O ciberespaço jamais deixará de ser uma extensão do indivíduo. Pesquisadores da área sugerem o estudo de como diferentes tipos de personalidade interagem no ciberespaço para se chegar a um estudo completo de suas dimensões psicológicas. Algumas suposições podem ser feitas: Esquizofrênicos podem aproveitar a falta de intimidade provocada pela menor proximidade; Narcisistas podem gostar da internet pela possibilidade de numerosos relacionamentos como um meio de conseguir uma platéia e
Compulsivos podem gostar da possibilidade de controle e manipulação do meio ambiente. Por fim, a internet se torna um ambiente extremamente sedutor para adolescentes por oferecer todos os atrativos do mundo real (sexo, novas pessoas para conhecer...) dentro de seu quarto, quase sem nenhum perigo para o jovem navegador.
Analisando a combinação das características psicológicas próprias das redes interativas e as características dos relacionamentos “físicos” absorvidas pelo meio vemos que redes como a internet possuem uma dinâmica muito própria. É obvio que mídias como a televisão e o rádio possuem suas características próprias também, mas as novas formas de interação criadas com o aparecimento destas redes criaram uma nova dimensão para o usuário. Especialistas em tecnologia apontam a internet de hoje como o embrião para a maioria das formas de comunicação mediatizadas do futuro. O que não se sabe é simplesmente se é a internet que vai englobar as outras mídias dando a elas a sua forma ou se suas formas de comunicação vão contaminar as outras mídias através da fusão entre computador, TV e rádio.
Dentro disto torna-se cada vez mais necessário estudar as dimensões psicológicas da internet preparando terreno para as novas formas de interação decorrentes desta fusão. Até que ponto as características psicológicas presentes no ciberespaço de hoje poderão influir na produção da TV de amanhã? Com a digitalização da TV, o telespectador e o navegador serão a mesma pessoa, cabendo aos pesquisadores acompanhar de perto as interações entre o mundo real e o mundo cibernético com tecnologias integradas.
O aparecimento das redes interativas é um fenômeno recente e os estudos sobre as formas de recepção nesta mídia ainda estão em fase de desenvolvimento. O fato da Internet estar se expandindo de forma assustadora está propiciando o aparecimento de uma série de trabalhos que enfocam como o receptor esta interagindo através de processos de comunicação virtual. A dimensão psicológica do ciberespaço e da internet apresenta algumas peculiaridades, especialmente relacionadas aos ambientes de chat, sítios na internet onde os navegadores conversam em tempo real. O professor John Suler, Ph.D. da Rider University disponibilizou na Internet um site sobre o assunto que pretende ser um centro virtual de discusssão sobre a psicologia do ciberespaço e cujo o endereço é www.rider.edu/users/suler/psycyber/psycyber.html.
Segundo seus estudos, as duas principais características psicológicas das redes interativas são a noção de espaço e o determinismo tecnológico. A análise psicológica da interação nas redes pode começar a partir do próprio termo “ciberespaço”. Usuários da internet sempre definem o uso do computador na internet através de termos relativos a espaço, tais como “navegar” e “site” (sítio).
Conscientemente ou inconscientemente, usuários da internet sempre sentem que “entraram” em um sítio ou “visitaram” alguma página. Tendo a maior parte de suas relações influenciada por isso. No que se refere ao determinismo tecnológico, muitas características do ciberespaço são explicitadas a partir de limitações ou avanços da tecnologia disponível. Atualmente, em ambientes de chat (conversa em tempo real entre duas ou mais pessoas através de mensagens escritas na tela) é ainda muito difícil ver com quem se está conversando, o que permite a criação de personagens fictícios e mentiras referentes a aparência em ambientes que trabalham só com o texto. É relativamente comum por exemplo, que senhores de 40 anos se passem por meninas de 15 ou que garotos passem por mulheres para freqüentar salas exclusivas para gays. Com a possibilidade de ver com quem se está conversando, alguns destes artifícios não serão mais possíveis ou terão de ser mais elaborados, mudando suas características psicológicas. Como a habilidade de ver e ouvir outras pessoas através da internet mudará o ciberespaço? Os navegadores desejarão ser vistos ou a visão e audição através das redes será sempre uma opção?
Existem também outras características básicas da interação que são comuns a todas as formas de recepção dentro das redes. Em primeiro lugar, devido a estas limitações tecnológicas de que falamos anteriormente, a experiência sensorial na internet ainda é limitada, e a maior parte das interações são feitas através de texto escrito. Depois, chats e e-mails possibilitam anonimato e flexibilidade de personalidade. O usuário pode esconder partes de si mesmo que não goste ou mesmo inventar uma outra personalidade.
A internet possibilita também a chamada “net-democracy” já independentemente dos recursos tecnológicos que os usuários utilizem, ao entrar na internet estão todos em um mesmo nível, sem nenhuma diferenciação aparente. Ainda dentro desta democracia, podemos dizer que não existem limites espaciais (não importa de onde alguém está teclando) ou temporais (grupos de discussão podem se estender ao longo de anos).
Outra característica determinante da interatividade no ciberespaço é a possibilidade de manter gravado tudo o que foi escrito, permanentemente. A internet permite que se grave tudo o que se refere a um determinado relacionamento. O usuário pode lembrar tudo o que disse para outra pessoa, já que pode ter todos os e-mails que mandou gravados no hard-disk . Por fim o acesso a vários relacionamentos também é próprio da internet. Com uma relativa facilidade, um usuário pode contatar pessoas de todo o globo e se comunicar simultaneamente com várias delas ao mesmo tempo através de e-mails ou de janelas específicas. A habilidade de filtrar relacionamentos dentro da rede amplifica o uso de motivações inconscientes junto com escolhas conscientes na seleção de amigos,amantes e inimigos.Expectativas secretas, desejos e medos inconscientes determinam, dentro desta infinidade de possibilidades, como o navegador vai interagir, aproximando as relações dentro das redes com as de fora delas.
As relações de interação dentro do ciberespaço retêm muitas das características dos espaços freqüentados pelo navegador em sua vida quotidiana. O ciberespaço jamais deixará de ser uma extensão do indivíduo. Pesquisadores da área sugerem o estudo de como diferentes tipos de personalidade interagem no ciberespaço para se chegar a um estudo completo de suas dimensões psicológicas. Algumas suposições podem ser feitas: Esquizofrênicos podem aproveitar a falta de intimidade provocada pela menor proximidade; Narcisistas podem gostar da internet pela possibilidade de numerosos relacionamentos como um meio de conseguir uma platéia e
Compulsivos podem gostar da possibilidade de controle e manipulação do meio ambiente. Por fim, a internet se torna um ambiente extremamente sedutor para adolescentes por oferecer todos os atrativos do mundo real (sexo, novas pessoas para conhecer...) dentro de seu quarto, quase sem nenhum perigo para o jovem navegador.
Analisando a combinação das características psicológicas próprias das redes interativas e as características dos relacionamentos “físicos” absorvidas pelo meio vemos que redes como a internet possuem uma dinâmica muito própria. É obvio que mídias como a televisão e o rádio possuem suas características próprias também, mas as novas formas de interação criadas com o aparecimento destas redes criaram uma nova dimensão para o usuário. Especialistas em tecnologia apontam a internet de hoje como o embrião para a maioria das formas de comunicação mediatizadas do futuro. O que não se sabe é simplesmente se é a internet que vai englobar as outras mídias dando a elas a sua forma ou se suas formas de comunicação vão contaminar as outras mídias através da fusão entre computador, TV e rádio.
Dentro disto torna-se cada vez mais necessário estudar as dimensões psicológicas da internet preparando terreno para as novas formas de interação decorrentes desta fusão. Até que ponto as características psicológicas presentes no ciberespaço de hoje poderão influir na produção da TV de amanhã? Com a digitalização da TV, o telespectador e o navegador serão a mesma pessoa, cabendo aos pesquisadores acompanhar de perto as interações entre o mundo real e o mundo cibernético com tecnologias integradas.
Participação e controle nas novas mídias
Há uma tensão permanente nos meios de comunicação entre o mercado e a cidadania. Enquanto mercado, estão organizados como empresas capitalistas, visando o maior lucro possível, procurando novos nichos, segmentando mais e mais o público - mídias locais, pessoais - simultaneamente com a estruturação mundial de mega-conglomerados que integram todas as mídias ao nível mundial.
Enquanto cidadania, os meios eletrônicos são públicos - da sociedade -, gerenciados pelo Estado e concedidos a grupos econômicos. Espera-se, em troca, serviços que nos ajudem a compreender melhor a realidade (informação relevante), diversão variada e possibilidades de educação permanente, tanto no nível pessoal como no comunitário. Tem prevalecido, na prática, a busca do lucro, a competitividade feroz, a dependência empresarial, via publicidade, a oscilação entre a informação importante e o marketing, a informação como produto consumível e filtrada por interesses.
Estamos numa etapa de transição quantitativa e qualitativa das mídias eletrônicas. Estamos passando de uma fase de carência de canais para uma outra de superabundância. Na TV a Cabo e por Satélite podemos aumentar o número de canais pela compressão digital até várias centenas. Mesmo a televisão aberta (VHF) vai poder proximamente, com a TV digital, multiplicar por cinco o número de canais ofertados.
Até agora há, no Brasil, dois avanços legais - nas nossas leis - na busca de várias formas de participação social na mídia eletrônica, principalmente na televisão. Um é a criação do Conselho de Comunicação Social, vinculado ao Poder Legislativo, previsto na Constituição de 1988, com representantes das várias partes envolvidas, incluindo os telespectadores, e que só recentemente foi implementado. O segundo avanço é a obrigatoriedade, na lei da TV a Cabo, de abrir canais locais comunitáriose para educação e cultura. É uma gota de água perdida dentro das avassaladoras alianças com grandes grupos que oferecem dezenas de canais basicamente de entretenimento. Mas é um sintoma claro de que a sociedade expressa a sua vontade de participar mais diretamente do que o fez no passado.
Atualmente a Internet está começando a correr por fora, como uma nova mídia, surgida nas universidades e que, nos dois últimos anos, está abrindo-se também para o mercado. Muitos grandes sites - como os programas de busca - se sustentam com anúncios, como nas outras mídias convencionais. A Internet até agora é a mídia mais aberta, descentralizada e, por isso mesmo, mais ameaçadora para os grupos políticos e econômicos hegemônicos. Nas universidades não representava uma ameaça social. Como ela vai conquistando um número maissignificativo de cidadãos, a “tentação” do Estado e dos grupos mais poderosos de controlá-la vai tornar-se cada vez mais forte. Como há na Rede conteúdos problemáticos e pessoas inescrupulosas, a pressão para o controle aumentará. A grande ameaça da Internet não são os conteúdos violentos ou pornográficos, mas a possibilidade real de pessoas oferecerem serviços, que podem competir com os convencionais de outras mídias. Uma pessoa ou grupo pequeno pode fazer uma revista, montar uma emissora de rádio ou de televisão, sem pedir autorização a ninguém. O aumento dessas situações novas, concretas, testará a liberdade da Internet.
Universidades, associações, ONGs precisam mostrar a sua competência nos espaços atualmente existentes, e lutar para obtê-los nas emissoras de baixa potência e a estar em Conselhos que possam negociar novas formas de participação da sociedade nos meios, e estabelecer limites à força do poder econômico.
A educação mais crítica, nas escolas e universidades, também nos ajudará a que a sociedade apoie iniciativas de participação maior em todas as mídias, principalmente nas novas e a estarmos atentos a não aceitar novas formas de controle, que tentarão ser implantadas nestes próximos anos. Os grupos que gerenciam os meios de comunicação tendem a limitar as formas de participação, reduzindo-as ao lúdico, a incentivar concursos, jogos, premiações econômicas, enquanto “esquecem” formas de debate mais amplas em todas as dimensões significativas da nossa vida.
As tentativas de controle da Internet também aumentarão porque atualmente ela desafia todos os padrões centralizados tanto da mídia impressa como da eletrônica. Na Internet encontramos uma possibilidade real de expressar-nos de forma mais livre, de escolher o que nos interessa, de acessar tanto os grandes sites como os alternativos, os de pessoas e pequenos grupos. As pressões maiores virão dos empresários das mídias convencionais, quando a Internet se tornar um grande negócio, porque eles vão querer também dominar esse novo campo de negócios, esse novo mercado. Depende da nossa maturidade e organização como sociedade conseguir marcar presença nos velhos e nos novos meios, mostrando nosso valor mais como cidadãos do que como consumidores.
Há uma tensão permanente nos meios de comunicação entre o mercado e a cidadania. Enquanto mercado, estão organizados como empresas capitalistas, visando o maior lucro possível, procurando novos nichos, segmentando mais e mais o público - mídias locais, pessoais - simultaneamente com a estruturação mundial de mega-conglomerados que integram todas as mídias ao nível mundial.
Enquanto cidadania, os meios eletrônicos são públicos - da sociedade -, gerenciados pelo Estado e concedidos a grupos econômicos. Espera-se, em troca, serviços que nos ajudem a compreender melhor a realidade (informação relevante), diversão variada e possibilidades de educação permanente, tanto no nível pessoal como no comunitário. Tem prevalecido, na prática, a busca do lucro, a competitividade feroz, a dependência empresarial, via publicidade, a oscilação entre a informação importante e o marketing, a informação como produto consumível e filtrada por interesses.
Estamos numa etapa de transição quantitativa e qualitativa das mídias eletrônicas. Estamos passando de uma fase de carência de canais para uma outra de superabundância. Na TV a Cabo e por Satélite podemos aumentar o número de canais pela compressão digital até várias centenas. Mesmo a televisão aberta (VHF) vai poder proximamente, com a TV digital, multiplicar por cinco o número de canais ofertados.
Até agora há, no Brasil, dois avanços legais - nas nossas leis - na busca de várias formas de participação social na mídia eletrônica, principalmente na televisão. Um é a criação do Conselho de Comunicação Social, vinculado ao Poder Legislativo, previsto na Constituição de 1988, com representantes das várias partes envolvidas, incluindo os telespectadores, e que só recentemente foi implementado. O segundo avanço é a obrigatoriedade, na lei da TV a Cabo, de abrir canais locais comunitáriose para educação e cultura. É uma gota de água perdida dentro das avassaladoras alianças com grandes grupos que oferecem dezenas de canais basicamente de entretenimento. Mas é um sintoma claro de que a sociedade expressa a sua vontade de participar mais diretamente do que o fez no passado.
Atualmente a Internet está começando a correr por fora, como uma nova mídia, surgida nas universidades e que, nos dois últimos anos, está abrindo-se também para o mercado. Muitos grandes sites - como os programas de busca - se sustentam com anúncios, como nas outras mídias convencionais. A Internet até agora é a mídia mais aberta, descentralizada e, por isso mesmo, mais ameaçadora para os grupos políticos e econômicos hegemônicos. Nas universidades não representava uma ameaça social. Como ela vai conquistando um número maissignificativo de cidadãos, a “tentação” do Estado e dos grupos mais poderosos de controlá-la vai tornar-se cada vez mais forte. Como há na Rede conteúdos problemáticos e pessoas inescrupulosas, a pressão para o controle aumentará. A grande ameaça da Internet não são os conteúdos violentos ou pornográficos, mas a possibilidade real de pessoas oferecerem serviços, que podem competir com os convencionais de outras mídias. Uma pessoa ou grupo pequeno pode fazer uma revista, montar uma emissora de rádio ou de televisão, sem pedir autorização a ninguém. O aumento dessas situações novas, concretas, testará a liberdade da Internet.
Universidades, associações, ONGs precisam mostrar a sua competência nos espaços atualmente existentes, e lutar para obtê-los nas emissoras de baixa potência e a estar em Conselhos que possam negociar novas formas de participação da sociedade nos meios, e estabelecer limites à força do poder econômico.
A educação mais crítica, nas escolas e universidades, também nos ajudará a que a sociedade apoie iniciativas de participação maior em todas as mídias, principalmente nas novas e a estarmos atentos a não aceitar novas formas de controle, que tentarão ser implantadas nestes próximos anos. Os grupos que gerenciam os meios de comunicação tendem a limitar as formas de participação, reduzindo-as ao lúdico, a incentivar concursos, jogos, premiações econômicas, enquanto “esquecem” formas de debate mais amplas em todas as dimensões significativas da nossa vida.
As tentativas de controle da Internet também aumentarão porque atualmente ela desafia todos os padrões centralizados tanto da mídia impressa como da eletrônica. Na Internet encontramos uma possibilidade real de expressar-nos de forma mais livre, de escolher o que nos interessa, de acessar tanto os grandes sites como os alternativos, os de pessoas e pequenos grupos. As pressões maiores virão dos empresários das mídias convencionais, quando a Internet se tornar um grande negócio, porque eles vão querer também dominar esse novo campo de negócios, esse novo mercado. Depende da nossa maturidade e organização como sociedade conseguir marcar presença nos velhos e nos novos meios, mostrando nosso valor mais como cidadãos do que como consumidores.
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