segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sala de Bate-Papo

Cesar Adames

Conversar ao mesmo tempo com muitas pessoas em qualquer lugar do mundo é um recurso que faz das salas de bate-papo (chat em inglês) um dos serviços mais movimentados na Internet. Dá para encontrar todo tipo de perfil: um amigo para trocar opiniões, um especialista para ajudar no trabalho da escola ou um parceiro para dividir um projeto.

No Brasil, a maioria dos grandes provedores de Internet tem esse serviço, as salas de bate-papo do UOL e do Terra são as maiores e que apresentam mais quantidade de recursos. A primeira coisa a fazer é escolher a sala: por assunto, idade, sexo, região etc. Com a opção feita, basta colocar seu nome ou criar um apelido. Na maioria das vezes é possível visitar a sala antes de entrar, para ver o que está acontecendo e o que as pessoas estão conversando.

Algumas salas permitem a troca de imagens e inclusão de sons, além de um recurso em que o usuário e mais uma pessoa podem conversar reservadamente, sem que os demais tenham conhecimento das mensagens trocadas entre eles. As salas de bate-papo também podem ser utilizadas como complemento educacional. É possível criar uma específica definindo um tema e agendar esse encontro virtual com os alunos ou outros profissionais da sua área.

Dicas para uso do bate-papo em atividades escolares:

1 – O número ideal para um bom aproveitamento dessa ferramenta é de até cinco alunos por período. Um número maior inviabiliza respostas rápidas do professor.

2 – É fundamental que cada participante coloque o seu nome ao entrar na sala, apelidos (nick, em inglês) dificultam a comunicação por não sabermos com quem estamos nos comunicando.

3 – Determine um tema a ser desenvolvido e faça com que os alunos pesquisem a respeito para facilitar o debate sobre o assunto.

4 – O tempo ideal para uma sessão de bate-papo na Internet é de 30 minutos a uma hora. Tempo inferior a 30 minutos torna o trabalho improdutivo, assim como mais do que uma hora cria um desgaste e desmotiva.

5 – A maioria das salas de bate-papo tem recursos que permitem economizar texto. É possível escolher entre várias opções como responde para (nome do aluno), explica para, concorda com, entre outros. Caso a sala não disponha esse recurso, é necessário que o professor coloque o nome do aluno para quem está escrevendo o comentário, pois caso contrário, quem estiver lendo não saberá para quem são as perguntas e as respostas.

6 – Caso queira, é possível copiar e salvar o bate-papo em um arquivo Word para registro da atividade. Basta selecionar o trecho que interessa e utilizar o recurso “copiar” e “colar”.

7 – Lembre sempre que a sala de bate-papo é apenas um complemento da sua aula e não deve ser vista como atividade final.

Fonte: Revista Profissão Mestre

O caminho das pedras - WebQuest

Gustavo Rodrigues

Para garantir um bom trabalho, é necessário antes a familiarização do professor com a proposta, que pode ser obtida navegando nos bancos de WQs existentes. Vale a pena pesquisar os seguintes endereços: http://www.webquest.org , http://www.webquest.futuro.usp.br/ e http://webquest.sp.senac.br/.

Roteiro de elaboração em 9 passos:

1. Defina o tema
Pense num assunto que faça parte do currículo, para o qual você possa dar uma abordagem interessante e cujo desenvolvimento possa melhorar suas aulas. Avalie se há bons sites e páginas sobre o tema.

2. Selecione as fontes de informação
As fontes de informação são geralmente sites, mas não exclusivamente. Podem ser também livros, revistas, jornais, até uma entrevista com um especialista, ou qualquer outra fonte que você julgar conveniente.

3. Delineie a tarefa
A tarefa é a alma de uma WQ. Por essa razão, dedique seus melhores esforços para planejar uma que seja motivadora e desafiante, que realmente possa ser realizada e que tenha a ver com a vida real. Se possível, evite coisas muito escolares como seminários, palestras, questionários.

4. Estruture o Processo
Passo a passo, como o grupo deve realizar a tarefa e que fontes de informação devem ser usadas em cada etapa. É freqüente pedir aos alunos que desempenhem papéis, porque isso permite diferentes perspectivas de um mesmo problema.

5. Escreva a Introdução
O texto deve ser direto, instigante e envolvente. Use linguagem clara e compreensível. Lembre-se de que a pessoa estará lendo o texto na tela do computador, por isso, seja breve. Evite abordagem professoral.

6. Escreva a Conclusão
Assim como a introdução, a conclusão deve ser clara, breve e simples. Entretanto, tem o papel de promover a reflexão sobre o que foi visto e incentivar a continuidade do trabalho.

7. Insira o conteúdo no gabarito
Nessa etapa, você vai formatar o conteúdo definido no planejamento, inserindo-o num gabarito especial. Ele apresenta campos para inserção já nos lugares apropriados: seção Introdução, seção Tarefa, seção Processo, etc. É necessário abri-lo usando um editor de html.

8. Faça os acertos finais
Depois de inserir a WebQuest no gabarito, avalie a conveniência de incluir imagens, ou outros elementos, com o objetivo de enriquecer ou esclarecer certos aspectos. Coloque os créditos. Nada mais descuidado que uma WQ sem autores. Indique todas as fontes que usou, sejam sites ou livros. Agradeça a quem colaborou. Revise o material e procure testá-lo, para depois fazer ajustes finais.

9. Publique a Webquest
Depois que estiver pronta, revisada, testada e finalizada, é preciso colocá-la no ar, isto é, publicá-la na Internet, para que possa ser acessada e utilizada pelas pessoas. Para fazer isso, é preciso hospedar a WB num servidor. Existem serviços de hospedagem gratuitos, que irão lhe dar todas as instruções de como publicá-la.

Fonte: Revista Profissão Mestre

WebQuest - O lado bom da Web na educação

Gustavo Rodrigues

O conceito é relativamente novo, não muito conhecido no Brasil, mas já visto como uma jóia do ensino aliado à tecnologia; uma revolução para as pesquisas escolares, que envolve alunos de todos os níveis da formação educacional. Para quem ainda não conhece, a WebQuest (WQ) é um sistema virtual multidisciplinar que hoje conta com mais de dez mil páginas na Web e propostas de educadores de diversas partes do mundo (EUA, Canadá, Islândia, Austrália, Portugal, Brasil e Holanda, entre outros).

Desde que foi criada em 1995 por Bernie Dodge, professor da Universidade Estadual da Califórnia, a WebQuest tem sido utilizada por professores como uma atividade de aprendizagem cooperativa, que aproveita a imensa riqueza de informações da Internet através da investigação orientada. A idéia principal era facilitar a pesquisa dos alunos para que eles produzissem trabalhos escolares sobre qualquer tema. Portanto, se muitos docentes reclamam da prática do “Control C + Control V”, comum entre seus alunos, uma realidade difícil de extinguir, então, a melhor maneira de tirar proveito da situação é direcionar a tão comum pesquisa na internet de forma a engajar os estudantes. A WebQuest apresenta a estrutura para criar o trabalho escolar e ainda apresenta exemplos úteis para professores e estudantes. O site original, em inglês, é http://www.webquest.org.

A pequena parcela de professores que utilizam essa ferramenta em suas aulas no Brasil se justifica pela barreira tecnológica imposta quando as WQs primeiro vieram para cá, no ano 2000. Era preciso entender de linguagem html e usar um editor de programação web para se publicar alguma coisa online, no caso a idéia de um trabalho escolar. Hoje, com as facilidades do conceito de Web 2.0, onde tudo pode ser encontrado on-line, inclusive editores específicos para WQs, o número de adeptos tende a aumentar. Além disso, uma página na net pode ser criada utilizando programas como Word, Powerpoint e até mesmo Excel, contanto que os documentos sejam criados com hyperlinks.

O professor Vicente Cândido, ministrante de cursos do Sinpro - Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, que começou a atuar em educação e tecnologia em 1994 e pesquisa a metodologia do WebQuest desde 2000, sugere que a melhor opção para criação de uma WB é usar o PowerPoint e gerar um arquivo ".pps". Para publicá-la, não é preciso servidor disponível na escola, basta se cadastrar num site como o www.zunal.com. O mais comum são professores optando por fazer uso de WQs já existentes, desde que mantendo os créditos de quem a criou. “Geralmente, um bom projeto de WQ inicia-se com base em uma WQ já publicada. Porém, todo professor sente a necessidade de adaptá-la à sua prática, à sua realidade e a de seus alunos. Assim, naturalmente vai criando a sua mesmo sem perceber”, observa.

Pesquisa orientada
Peguemos como exemplo uma WQ sobre animais, onde cada um dos quatro alunos do grupo pesquisa sobre um inseto específico. Após um período de buscas e pesquisa sobre o assunto, chega o momento de trocar informações e cruzar dados em sala.

Segundo o professor Carlos Seabra, ex-coordenador do projeto WebQuest na Escola do Futuro da USP, o que diferencia uma WQ boa de uma ruim é o que também diferencia uma aula boa de uma ruim. A boa engaja aluno com prazer e dedicação. O professor faz de forma mais ampla, para juntar fatos e relacionar o aprendizado à pesquisa. Motiva o aluno a aprender e a desenvolver habilidades de pesquisa.

Inclusão tecnológica
Escolas que não oferecem acesso a computadores para alunos poderiam optar em montar o “PaperQuest”. Essa é uma alternativa na qual os alunos montam um jornal sobre determinado assunto a partir de pesquisa de conteúdos em outras fontes. “O interessante são atividades que articulem a criação de projetos”, afirma Seabra. Mas como o momento é o de apropriação de tecnologia, o PQ iria contra o conceito criado em 1995 por Bernie Dodge. Para Carlos, nenhuma escola hoje pode ficar sem computadores e acesso à internet. Acredita ser uma questão de tempo até que todo mundo esteja conectado, e cita o exemplo da televisão. “No início, poucos contavam com esse recurso tecnológico. Hoje, os aparelhos são encontrados em praticamente toda e qualquer residência brasileira.”

O formato
A WebQuest é concebida e construída segundo uma estrutura lógica que contém os seguintes elementos estruturais: introdução, tarefa, processo, recursos, orientações, avaliação e conclusão. Não há conduta básica, mas são as propostas de trabalho que engajam os alunos nas tramas do aprender e dão alma à WQ. Um dos princípios do modelo é o de que as situações de aprendizagem precisam favorecer contatos dos alunos com materiais autênticos. Ou seja, é preciso fazer com que eles trabalhem com as fontes de informação comuns de nosso cotidiano (artigos, revistas, relatórios, sites da Web etc.).

“Existem diversas formas para se concluir uma WQ: podemos solicitar desde uma simples apresentação através de um cartaz, uma apresentação em PowerPoint, vídeo, representação teatral, etc... depende do entusiasmo do professor e da sua criatividade”, completa Vicente Cândido. Completar on-line também é possível, porém é provável que isso a descaracterize, e a transforme numa “máquina de ensinar”, a não ser que a atividade inclua propositalmente a consulta a um programa de perguntas e respostas.

Fonte: Revista Profissão Mestre

sábado, 16 de maio de 2009

A TV digital e a integração das tecnologias na educação

José Manuel Moran
Professor de novas tecnologias na USP. Diretor Acadêmico da Faculdade Sumaré-SP.
Texto publicado no boletim 23 sobre Mídias Digitais do Programa Salto para o Futuro. TV Escola - SEED, novembro, 2007.

Introdução
Estamos caminhando para uma nova fase de convergência e integração das mídias: Tudo começa a integrar-se com tudo, a falar com tudo e com todos. Tudo pode ser divulgado em alguma mídia. Todos podem ser produtores e consumidores de informação.

A digitalização permite registrar, editar, combinar, manipular toda e qualquer informação, por qualquer meio, em qualquer lugar, a qualquer tempo. A digitalização traz a multiplicação de possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. O mundo físico se reproduz em plataformas digitais e todos os serviços começam a poder ser realizados física ou virtualmente. Podemos pagar contas numa agência de banco ou na Internet, fazer compras numa loja ou através de lojas virtuais. Há um diálogo crescente, muito novo e rico entre o mundo físico e o chamado mundo digital, com suas múltiplas atividades de pesquisa, lazer, de relacionamento e outros serviços e possibilidades de integração entre ambos, que impactam profundamente a educação escolar e as formas de ensinar e aprender a que estamos habituados.

As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam – a médio prazo - em reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas.


A TV digital e a integração das tecnologias
As tecnologias começaram e se mantiveram separadas – computador, celular, Internet, mp3, câmera digital e agora a TV – e agora caminham na direção da convergência, da integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor. O computador fica cada vez mais potente e menor, ligado à internet banda larga, a redes sem fio, à câmera digital, ao celular, aos tocadores de música. O telefone celular é a tecnologia que atualmente mais agrega valor: é wireless (sem fio) e rapidamente incorporou o acesso à Internet, à foto e vídeo digitais, aos programas de comunicação (voz, TV), ao entretenimento (jogos, música-mp3) e outros serviços. A televisão é a última das grandes mídias a tornar-se digital. E agora se insere num mundo de tecnologias já digitais, já mais interativas e integradas e precisa correr atrás para recuperar o espaço perdido, principalmente o das múltiplas escolhas na hora e lugar que as pessoas assim o quiserem.

Com a chegada da TV digital a pressão pela integração tecnológica será muito maior. Infelizmente, ainda demorará a acontecer, porque estamos numa fase de transição do modelo industrial para a sociedade do conhecimento, ainda presos a modelos de empresas de telecomunicações e audiovisuais cartoriais, que defendem áreas já conquistadas, campos de atuação exclusivos e conceitos de propriedade intelectual, que precisam ser revistos com urgência.

Especificamente no Brasil, teremos a TV digital dos grandes eventos ao vivo, como Olimpíadas, passadas em alta definição, com imagem fantástica e inúmeros recursos de som. Teremos canais que transmitirão também em alta definição filmes e novelas para um público mais exigente e com maior poder aquisitivo. Teremos também na TV aberta muitos canais de TV digital de qualidade boa, mas sem ser de alta definição, que passarão noticiários vinte e quatro horas, esporte, vendas, como hoje acontece na TV por assinatura. Serão canais com alguma interação para compras, votações de opinião, etc. E teremos uma outra TV digital on-demand , a la carte , isto é escolheremos em cada momento entre um menu muito diversificado de programas prontos aqueles que nos interessam mais. Uns serão gratuitos, pagos por publicidade, e outros pagos diretamente pelo consumidor.

No começo, a TV digital oferecerá mais canais, mais oferta de conteúdo e alguma interação: escolhas básicas, simples sem muitos recursos complexos. As emissoras tentarão controlar o conteúdo ofertado, que é o mais caro e o que as pessoas mais procuram, mas haverá simultaneamente muitos grupos oferecendo formas novas de produção e divulgação desse conteúdo, ampliando o número de usuários-produtores, como começa a acontecer agora na Internet.

A rapidez da evolução dos serviços na Internet e no celular, com muitas formas de navegação, escolhas e interação obrigará à TV a ser muito mais participativa, a oferecer formas de participação mais abrangentes, a médio prazo, para não perder mercado.


Aplicações da TV digital na educação
Que conseqüências terá a passagem da TV convencional para a digital e a integração com as outras mídias na educação?.

A tecnologia digital baixa custos, a médio e longo prazo. Na educação, teremos muitos canais e recursos para acessar conteúdos digitais de cursos e realizar debates com especialistas e entre alunos. Será fácil também a orientação de pesquisas, de projetos e mostrar (apresentar, disponibilizar) os resultados. Poderemos produzir belas aulas e deixa-las disponíveis para os alunos acessa-las no ritmo que quiserem e no horário que acharem conveniente, com qualidade melhor do que a atualmente conseguida na Internet. Haverá mais realismo na interação a distância, nos programas de comunicação a distância, isto é conseguiremos, mesmo fisicamente longe, ter a sensação de estarmos juntos, de quase tocar-nos fisicamente.

Se estivermos viajando poderemos acessar um canal específico e interagir com os colegas e alunos através do celular ou de um computador portátil.

A TV digital poderá oferecer muitas mais oportunidades de os alunos serem produtores de conteúdos multimídia, como acontece hoje na Internet com o site YouTube: qualquer pessoa pode divulgar um vídeo feito com câmera digital ou celular. Os usuários avaliam o filme pela quantidade de acessos e pelo número de estrelas atribuído. Quando melhor avaliado um vídeo, mais aparece para o público ou na pesquisa do site. A tv digital pode oferecer com mais qualidade a exibição dessas produções feitas pelos usuários e acrescentar recursos de pesquisa e navegação fáceis e hiper-realistas.

Poderemos ter salas de aula abertas para cada grupo, turma, universidade e recriar nelas todo o potencial da comunicação presencial, a distância, mas conectados.


Problemas que enfrentamos com as mídias digitais
O problema do Brasil não é tecnológico, mas de desigualdade estrutural. A interatividade tem muito a ver com poder de compra, com educação de qualidade, com cultura empreendedora. A grande maioria das pessoas depende do modelo passivo de uma TV que dá tudo pronto, aparentemente de graça. Esse modelo fez sucesso. A interatividade pressupõe uma atitude de vida muito mais ativa, investigativa, inovadora.

Sem educação de qualidade, as pessoas têm menos poder de fazer crítica, de realizarem escolhas mais abrangentes. E nossa educação ainda é muito precária. A TV pode ser utilizada de forma muito rica e participativa com a digitalização e integração das mídias, mas sem uma melhoria efetiva na educação e nas condições econômicas correspondentes, a TV continuará ditando o lazer das pessoas, oferecendo mais oportunidades de concorrer a prêmios, de fazer compras - o que convenhamos não é um grande ganho em relação à TV atual.

As tecnologias digitais não atuam no vazio. Elas são utilizadas dentro de contextos educacionais diferentes. Grandes grupos educacionais privados pensam nelas para baratear custos, ganhar escala (aulas para mais alunos, por satélite, por exemplo); vêem a educação como investimento, como negócio e buscam utilizar as tecnologias digitais para conseguir o máximo lucro com a mínima despesa. De um lado introduzem modelos altamente complexos e sofisticados de tele-aulas, de ambientes virtuais com conteúdos disponibilizados e formas de avaliação comuns e simples.

São modelos para grandes grupos, para países inteiros, oferecidos de modo uniforme para todos, com algum apoio de instituições locais. São os modelos oferecidos pelas mega-universidades que estão se consolidando agora, que vêem na TV digital uma forma ideal de realizar este modelo massivo.

De outro lado teremos as instituições que oferecerão propostas educacionais mediadas pelas tecnologias digitais para grupos menores, com mais interação, focadas na aprendizagem, no aluno, em criação de grupos de pesquisa, de projetos e aprendizagem colaborativa.

Entre estes dois modelos extremos, haverá diversas formas de oferecimento de cursos semi-presenciais e a distância, todos mediados por tecnologias digitais simples e mais sofisticadas, com mais ou menos interação. Mas a mediação de tecnologias digitais daqui em diante será comum a todos, pela concorrência, necessidade de adaptação às novas formas de vida nas cidades, pela pressão para diminuir custos e atender aos alunos onde eles estiverem.

Outro fator complicador é o ritmo lento, complexo e descontínuo da gestão pública, com recursos, mas dificuldade na implementação, na continuidade das políticas, sem falar na corrupção, que diminui o impacto dos recursos na ponta, na escola.

As tecnologias dependem também de como cada um, professores, alunos e gestores as utilizam: em contextos e encontros pedagógicos motivadores ampliam a curiosidade, a motivação, a pesquisa, a interação. As tecnologias em contextos e encontros pedagógicos acomodados, rotineiros aumentam a previsibilidade, o desencanto, a banalização da aprendizagem, o desinteresse.


Conclusão
As tecnologias evoluem muito mais rapidamente do que a cultura. A cultura implica em padrões, repetição, consolidação. A cultura educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já hoje que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade. O ser humano avança com inúmeras contradições, muito mais devagar que os costumes, hábitos, valores. Intelectualmente também avançamos muito mais do que nas práticas. Há sempre um distanciamento grande entre o desejo e a ação. Apesar de tudo, está se construindo uma outra sociedade, que em uma ou duas décadas será muito diferente da que vivemos até agora.

Mesmo com tecnologias de ponta, ainda temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, interessantes, entusiasmadas, abertas e confiáveis, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele sempre saímos enriquecidos. E isso não depende só de tecnologias, mas programas estruturais que valorizem os profissionais na formação e no exercício efetivo da profissão, com salários e condições dignas, onde eles se sintam importantes. As tecnologias são uma parte de um processo muito mais rico e complexo que é gostar de aprender e de ajudar a outros que aprendam numa sociedade em profunda transformação.


Referências bibliográficas do autor
MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá . Campinas: Papirus, 2007.
___________________. Desafios na comunicação pessoal . 3ª ed. revista. São Paulo: Paulinas, 2007. 





Fonte: http://www.eca.usp.br/prof/moran/digital.htm

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Filmes que abordam temas relacionados a Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais


Gilbert Grape - Deficiência Mental
Meu Pé Esquerdo - Paralisia Cerebral
Iam Sam - Deficiencia Mental
O Oitavo Dia - Síndrome de Down
Simples Como Amar - Problemas Mentais
Mentes que Brilham - Criança Super Dotada
Benny & Joon - Problemas Mentais
O Enigma de Kaspar Hauser - Problemas Mentais
A Maçã - Problemas Mentais
De Porta em Porta - Problemas Mentais
Molly Experimentando a Vida - Autismo
Gaby Uma História Real - Paralisia Geral
As Chaves de Casa - Deficiências Psicológicas
Os Dois Mundos de Charly - Problemas Mentais
Quem Falará Por Jonathan - Síndrome de Down
Rain Man - Autismo
Uma Viagem Inesperada - Autismo
Meu Filho Meu mundo - Autismo
Testemunha do Silêncio - Autismo
Gideon Um Anjo em Nossas Vidas - Problemas Mentais
O Poder da Emoção - Problemas Mentais
Código Para o Inferno - Autismo
Do Luto a Luta - Documentário Síndrome de Down
Ratos e Homens - Problemas Mentais
Um Amor Muito Especial - Problemas Mentais
O Prisioneiro do Silêncio - Autismo
A Sombra do Piano - Autismo
1942 - A Caminho do Paraíso
Adoravel Professor
O Gênio do Videogame
O Inocente
O Milagre de Anne Sullivan

Filmes que abordam tema Autismo



Fonte: Autismo-BR

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mudar a forma de ensinar e de aprender com

Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias
Transformar as aulas em pesquisa e comunicação presencialvirtual

José Manuel Moran
Professor de Novas Tecnologias
na Pós-Graduação da ECA-USP
e da Universidade Mackenzie


Apresentação
· Ensinar de formas diferentes para pessoas diferentes
· Transformar a aula em pesquisa e comunicação
· Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula?
· Quando vale a pena encontrar-nos fisicamente numa sala de aula?
· Educar o educador
· Educação para a autonomia e para a cooperação
· Experiências pessoais de ensino utilizando a Internet
· Alguns problemas no uso da Internet na educação
· Conclusão



Apresentação
"Um indivíduo consegue hoje um diploma de curso superior sem nunca ter aprendido a comunicar-se, a resolver conflitos, a saber o que fazer com a raiva e outros sentimentos negativos" (Carl Rogers)

Educar é colaborar para que professores e alunos nas escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos.

Educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa, pessoa ou ideia que vemos, ouvimos, sentimos, tocamos, experienciamos, lemos, compartilhamos e sonhamos; quando aprendemos em todos os espaços em que vivemos na família, na escola, no trabalho, no lazer, etc. Educamos aprendendo a integrar em novas sínteses o real e o imaginário; o presente e o passado olhando para o futuro; ciência, arte e técnica; razão e emoção.

De tudo, de qualquer situação, leitura ou pessoa podemos extrair alguma informação, experiência que nos pode ajudar a ampliar o nosso conhecimento, seja para confirmar o que já sabemos, seja para rejeitar determinadas visões de mundo.

Na educação - nas organizações empresariais ou escolares - buscamos o equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade) e a organização (onde há hierarquia, normas, maior rigidez). Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula em uma comunidade de investigação.



Ensinar de formas diferentes para pessoas diferentes
Com a Internet estamos começando a ter que modificar a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos de educação continuada, a distância. Só vale a pena estarmos juntos fisicamente - num curso empresarial ou escolar - quando acontece algo significativo, quando aprendemos mais estando juntos do que pesquisando isoladamente nas nossas casas. Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, nos desmotivamos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que em muitas aulas convencionais perdemos muito tempo.

Podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado. Orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias nos ajudarão muito, principalmente as telemáticas.

Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade espaçotemporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e da nossa vida.

A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.

Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente.

Hoje temos um amplo conhecimento horizontal - sabemos um pouco de muitas coisas, um pouco de tudo. Falta-nos um conhecimento mais profundo, mais rico, mais integrado; o conhecimento diferente, desvendador, mais amplo em todas as dimensões.

Uma parte das nossas dificuldades em ensinar se deve também a mantermos no nível organizacional e interpessoal formas de gerenciamento autoritário, pessoas que não estão acompanhando profundamente as mudanças na educação, que buscam o sucesso imediato, o lucro fácil, o marketing como estratégia principal.

O professor é um facilitador, que procura ajudar a que cada um consiga avançar no processo de aprender. Mas tem os limites do conteúdo programático, do tempo de aula, das normas legais. Ele tem uma grande liberdade concreta, na forma de conseguir organizar o processo de ensino-aprendizagem, mas dentro dos parâmetros básicos previstos socialmente.

O aluno não é unicamente nosso cliente que escolhe o que quer. É um cidadão em desenvolvimento. Há uma interação entre as expectativas dos alunos, as expectativas institucionais e sociais e as possibilidades concretas de cada professor. O professor procura facilitar a fluência, a boa organização e adaptação do curso a cada aluno, mas há limites que todos levarão em consideração. A personalidade do professor é decisiva para o bom êxito do ensino-aprendizagem. Muitos não sabem explorar todas as potencialidades da interação.

Se temos que trabalhar com um grupo, não poderemos provavelmente preencher todas as expectativas individuais. Procuraremos encontrar o ponto de equilíbrio entre as expectativas sociais, as do grupo e as individuais. Quando há uma diferença intransponível entre as expectativas grupais e algumas expectativas individuais, incontornáveis a curto prazo, ainda assim, na educação, procuraremos adaptar flexivelmente as propostas, as técnicas, a avaliação (prazo maior, diferentes formas de avaliação). Somente no fim deste processo podemos julgar negativamente - reprovar o outro. É cômodo para o educador jogar sempre a culpa nos alunos, dizendo que não estão preparados, que são problemáticos. A criatividade está em encontrar formas de aproximação dos alunos às nossas propostas, à nossa pessoa.

Não podemos dar aula da mesma forma para alunos diferentes, para grupos com diferentes motivações. Precisamos adaptar nossa metodologia, nossas técnicas de comunicação a cada grupo. Tem alunos que estão prontos para aprender o que temos a oferecer. É a situação ideal, onde é fácil obter a sua colaboração. Alunos mais maduros, que necessitam daquele curso ou que escolheram aquela matéria livremente facilitam nosso trabalho, nos estimulam, colaboram mais facilmente.

Outros alunos, no início do curso podem estar distantes, mas sabendo chegar até eles, mostrando-nos abertos, confiantes e motivadores, sensibilizando-os para o que eles vão aprender no nosso curso, respondem bem e se dispõem a participar. A partir daí torna-se fácil ensinar.

Existem outros que não estão prontos, que são imaturos ou estão distantes das nossas propostas. Procuraremos aproximá-las o máximo que pudermos deles, partindo do que eles valorizam, do que para eles é importante. Mas se, mesmo assim, a resposta é fria, poderemos apelar para algumas formas de impor tarefas, prazos, avaliações mais freqüentes, de forma madura, mostrando que é pelo bem deles e não como forma de vingança nossa. O professor pode impor sem ser autoritário, sem humilhar, colocando as tarefas de forma clara, calma e justificada. A imposição é um último recurso do professor, não primeiro e único. Sempre que for possível, avançaremos mais pela interação, pela colaboração, pela pesquisa compartilhada do que pela imposição.


Transformar a aula em pesquisa e comunicação
Vejo as aulas nas organizações - como processos contínuos de comunicação e de pesquisa, onde vamos construíndo o conhecimento em um equilíbrio entre o individual e o grupal, entre o professorcoordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos. Aula-pesquisa, onde professor motiva, incentiva, dá os primeiros passos para sensibilizar o aluno para o valor do que vamos fazer, para a importância da participação do aluno neste processo. Aluno motivado e com participação ativa avança mais, facilita todo o nosso trabalho. Depois da sensibilização - verbal, audiovisual - o aluno - às vezes individualmente e outras em pequenos grupos - procura suas informações, faz a sua pesquisa na Internet, em livros, em contato com experiências significativas, com pessoas ligadas ao tema..

Os grandes temas da matéria são coordenados pelo professor, iniciados pelo professor, motivados pelo professor, mas pesquisados pelos alunos, às vezes todos simultaneamente; às vezes, em grupos; às vezes, individualmente.

Uma parte da pesquisa pode ser feita "ao vivo" (juntos fisicamente); outras, "off line" (cada um pesquisa no seu espaço e tempo preferidos). Ao vivo, o professor está atento às descobertas, às dúvidas, aointercâmbio das informações (os alunos pesquisam, escolhem, imprimem), ao tratamento das informações. O professor ajuda, problematiza, incentiva, relaciona.

Ao mesmo tempo, o professor coordena as trocas, os alunos relatam suas descobertas, socializam suas dúvidas, mostram os resultados de pesquisa. Se possível, todos recebem uma seleção dos melhores materiais descobertos pelos alunos, junto com os do professor (textos impressos ou colocados a disposição pelo professor ou indicados em sites da Internet).

Os alunos levam para casa os textos, onde aprofundam a sua leitura, fazem novas sínteses, colocam os problemas que os textos sucitam, os relacionam com a sua realidade.

Essa pesquisa é comunicada em classe para os colegas e o professor procura ajudar a contextualizar, a ampliar o universo alcançado pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados no conjunto das informações trazidas. Esse caminho de ida e volta, onde todos se envolvem, participam é fascinante, criativo, cheio de novidades e de avanços. O conhecimento que é elaborado a partir da própria experiência se torna muito mais forte e definitivo em nós.

Junto com a pesquisa coletiva, o professor incentiva a pesquisa individual ou projetos de grupo. Cada aluno -pessoalmente ou em dupla - escolhe um tema mais específico da matéria e que é do interesse também do aluno. Esse tema é pesquisado pelo aluno com orientação do professor. É apresentado à classe. É distribuído aos colegas. É divulgado na Internet.

É importante neste processo dinâmico de aprender pesquisando, utilizar todos os recursos, todas as técnicas possíveis por cada professor, por cada instituição, por cada classe. Vale a pena descobrir as competências dos alunos que temos em cada classe, que contribuições podem dar ao nosso curso. Não vamos impor um projeto fechado de curso, mas um programa com as grandes diretrizes delineadas e onde vamos construíndo caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos - professor e alunos - para avançar da forma mais rica possível em cada momento.


Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula?
Iremos combinando daqui em diante cursos presenciais com virtuais, períodos de pesquisa mais individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos com a orientação virtual de um tutor e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, idéias.


Quando vale a pena encontrar-nos fisicamente numa sala de aula?
Como regra geral, no começo e no final de um novo tema, de um assunto importante. No início, para colocar esse tema dentro de um contexto maior, para motivar os alunos, para que percebam o que vamos pesquisar e para organizar como vamos pesquisá-lo. Os alunos, iniciados ao novo tema e motivados, o pesquisam, sob a supervisão do professor e voltam a aula depois de um tempo para trazer os resultados da pesquisa, para colocá-los em comum. É o momento final do processo, de trabalhar em cima do que os alunos apresentaram, de complementar, questionar, relacionar o tema com os demais.

Vale a pena encontrar-nos no início de um processo específico de aprendizagem e no final, na hora da troca, da contextualização. Uma parte das aulas pode ser substituída por acompanhamento, monitoramento de pesquisa, onde o professor dá subsídios para os alunos irem além das primeiras descobertas, para ajudá-los nas suas dúvidas. Isso pode ser feito pela Internet, por telefone ou pelo contato pessoal com o professor.

Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera. Podemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" por videoconferência na minha aula. Haverá um intercâmbio muito maior de professores, onde cada um colabora em algum ponto específico, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula também muda. Hoje entendemos por aula um espaço e tempo determinados. Esse tempo e espaço cada vez serão mais flexíveis. O professor continua "dando aula" quando está disponível para receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma lista de discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da Internet, fora do horário específico da sua aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes, quando tanto professores quanto os alunos estão motivados e entendem a aula como pesquisa e intercâmbio, supervisionados, animados, incentivados pelo professor.

Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá do tipo de matéria, das necessidades concretas de cobrir falta de profissionais em áreas específicas ou de aproveitar melhor especialistas de outras instituições que seria difícil contratar.


Educar o educador
De um professor espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo.

Muitos se satisfazem em ser competentes no conteúdo de ensino, em dominar determinada área de conhecimento e em aprimorar-se nas técnicas de comunicação desse conteúdo. São os professores bem preparados, que prestam um serviço importante socialmente em troca de uma remuneração, em geral, mais baixa do que alta.

Na educação, escolar ou empresarial, precisamos de pessoas que sejam competentes em determinadas áreas de conhecimento, em comunicar esse conteúdo aos seus alunos, mas também que saibam interagir de forma mais rica, profunda, vivencial, facilitando a compreensão e a prática de formas autênticas de viver, de sentir, de aprender, de comunicar-se. Ao educar facilitamos, num clima de confiança, interações pessoais e grupais que ultrapassam o conteúdo para, através dele, ajudar a construir um referencial rico de conhecimento, de emoções e de práticas.

As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.

Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se. São um poço inesgotável de descobertas.

Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos surpreende; repete fórmulas, sínteses.

O contato com educadores entusiasmados atrai, contagia, estimula, os torna próximos da maior parte dos alunos. Mesmo que não concordemos com todas as suas idéias, os respeitamos.

As primeiras reações que o bom professor e educador despertam no aluno são a confiança, a admiração e o entusiasmo. Isso facilita enormemente o processo de ensino-aprendizagem.

As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.

As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e
parceiros de caminhada do professor-educador.

Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas.


Educação para a autonomia e para a cooperação
A educação avança pouco - nas organizações empresariais e nas escolas - porque ainda estamos profundamente inseridos em organizações autoritárias, em processos de ensino e aprendizagem controladores, com educadores pouco livres, mal resolvidos, que repetem mais do que pesquisam, que impõem mais do que se comunicam, que não acreditam no seu próprio potencial nem no dos seus alunos, que desconhecem o quanto eles e seus alunos podem realizar!.

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica, aberta entre professores e alunos, principalmente, mas também incluindo administradores e a comunidade (todos os envolvidos no processo organizacional). Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.

Sei que parece uma ingenuidade falar de comunicação autêntica numa sociedade altamente competitiva, onde cada um se expõe até determinado ponto e, na maior parte das vezes, se esconde, em processos de comunicação aparentes, cheios de desconfiança, quando não de interações destrutivas. As organizações que quiserem evoluir terão que aprender a reeducar-se em ambientes mais significativos de confiança, de cooperação, de autenticidade. Isso as fará crescer mais, estar mais atentas às mudanças necessárias.

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aulapesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

É importante educar para a autonomia, para que cada um encontre o seu próprio ritmo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, é importante educar para a cooperação, para aprender em grupo, para intercambiar idéias, participar de projetos, realizar pesquisas em conjunto.

Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.

O caminho para a autonomia acontece combinando equilibradamente a interação e a interiorização. Pela interação aprendemos, nos expressamos, confrontamos nossas experiências, idéias, realizações; pela interação buscamos ser aceitos, acolhidos pela sociedade, pelos colegas, por alguns grupos significativos. Pela interiorização fazemos a integração de tudo, das idéias, interações, realizações em nós, vamos encontrando nossa síntese, nossa identidade, nossa marca pessoal, nossa diferença.

A tecnologia nos propicia interações mais amplas, que combinam o presencial e o virtual. Somos solicitados continuamente a voltar-nos para fora, a distrair-nos, a copiar modelos externos, o que dificulta o processo de interiorização, de personalização. O educador precisa estar atento para utilizar a tecnologia como integração e não como distração ou fuga.

O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a sua ignorância, suas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.


Experiências pessoais de ensino utilizando a Internet
Venho desenvolvendo algumas experiências no ensino de graduação e de pós-graduação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Criei uma página pessoal na Internet, no endereço www.eca.usp.br/prof/moran. Nela constam as disciplinas de pósgraduação - Redes eletrônicas na Educação e Novas Tecnologias para uma Nova Educação - e três de graduação - Novas Fronteiras da Televisão, Legislação e Ética do Radialismo e Mercadologia de Rádio e Televisão - com o programa e alguns textos meus e dos meus alunos. O roteiro básico é o seguinte: no começo do semestre, cada aluno escolhe um assunto específico dentro da matéria, vai pesquisando-o na Internet e na biblioteca. Ao mesmo tempo, pesquisamos também temas básicos do curso. O aluno apresenta os resultados da sua pesquisa específica na classe e depois pode divulgá-los, se quiser, através da Internet.

Disponho de duas salas de aula com dez computadores em uma e quatorze em outra, ligados à Internet por fibra ótica, para vinte alunos, em média. Utilizamos essa sala a cada duas ou três semanas. As outras aulas acontecem na sala convencional.

O fato de ver o seu nome na Internet e a possibilidade de divulgar os seus trabalhos e pesquisas, exerce uma forte motivação nos alunos, os estimula a participar mais em todas as atividades do curso. Enquanto preparam os trabalhos pessoais, vou desenvolvendo com eles algumas atividades.

Começamos com uma aula introdutória para os que não estão familiarizados com a Internet. Nela aprendemos a conhecer e a usar as principais ferramentas. Fazemos pesquisa livre, em vários programas de busca. Cadastramos a cada aluno para que tenha o seu e mail pessoal (na própria universidade ou em sites que oferecem endereços eletrônicos gratuitamente).

Num segundo momento, todos pesquisamos um tópico importante do programa. É importante sensibilizar o aluno antes para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno tem claro ou encontra valor no que vai pesquisar, o fará com mais rapidez e eficiência. O professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a dispersão fácil. O intercâmbio constante de resultados, a supervisão do professor podem ajudar a obter melhores resultados. Eles vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes em disquete e também fazem anotações escritas, com rápidos comentários sobre o que estão salvando. As descobertas mais importantes são comunicadas aos colegas. Imprimem os textos mais significativos. No final, os alunos comunicam os principais resultados da sua busca e encontramos os principais pontos de apoio para analisar o tema do dia. Professor e alunos relacionam as coincidências e divergências entre os resultados encontrados e as informações já conhecidas em reflexões anteriores, em livros e revistas.

O meu papel é o de acompanhar cada aluno, incentivá-lo, resolver suas dúvidas, divulgar as melhores descobertas. As aulas na Internet se alternam com as aulas habituais, onde acrescentamos textos escritos, vídeos para aprofundar os temas pesquisados inicialmente na Internet.

Posteriormente, cada aluno desenvolve um tema específico de pesquisa, que ele escolhe, conciliando o seu interesse pessoal e o da matéria. É interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do programa que esteja mais próximo do que eles valorizam mais. Essas pesquisas podem ser realizadas dentro e fora do período de aula. Estou junto com eles, dando dicas, tirando dúvidas, anotando descobertas. Esses temas específicos são mais tarde apresentados em classe para os colegas. O professor complementa, questiona, relaciona essas apresentações com a matéria como um todo. Alguns alunos criam suas páginas pessoais e outros entregam somente os resultados das suas pesquisas para colocá-los na minha página.

Além das aulas, acontece um estimulante processo de comunicação virtual, junto com o presencial. Eles podem pesquisar em uma sala especial em qualquer horário, se houver máquinas livres. Os alunos me procuram mais para atendimento específico na minha sala, e também enviam mensagens eletrônicas. Como todos têm e-mail, envio com freqüência textos, endereços, idéias, sugestões em uma lista que crio para o curso. Isso estimula, principalmente na pós-graduação, o intercâmbio, a troca também entre colegas, a inserção de novos materiais trazidos pelos próprios alunos.

A navegação precisa de bom senso, gosto estético e intuição. Bom senso para não deter-se, diante de tantas possibilidades, em todas elas, sabendo selecionar, em rápidas comparações, as mais importantes. A intuição é um radar que vamos desenvolvendo de "clicar" o mouse nos links que nos levarão mais perto do que procuramos. A intuição nos leva a aprender por tentativa, acerto e erro. Às vezes passaremos bastante tempo sem achar algo importante e, de repente, se estivermos atentos, conseguiremos um artigo fundamental, uma página esclarecedora. O gosto estético nos ajuda a reconhecer e a apreciar páginas elaboradas com cuidado, com bom gosto, com integração de imagem e texto.

Principalmente para os alunos, o estético é uma qualidade fundamental de atração. Uma página bem apresentada, com recursos atraentes, é imediatamente selecionada, pesquisada.

Ensinar utilizando a Internet exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares, idéias, que ficam gravados, impressos, anotados. Colocam os dados em seqüência mais do que em confronto. Copiam os endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem.

Creio que isso se deve a uma primeira etapa de deslumbramento diante de tantas possibilidades que a Internet oferece. É mais atraente navegar, descobrir coisas novas do que analisá-las, compará-las, separando o que é essencial do acidental, hierarquizando idéias, assinalando coincidências e divergências. Por outro lado, isso reforça uma atitude consumista dos jovens diante da produção cultural audiovisual. Ver equivale, na cabeça de muitos, a compreender e há um certo ver superficial, rápido, guloso sem o devido tempo de reflexão, de aprofundamento, de cortejamento com outras leituras. Os alunos se impressionam primeiro com as páginas mais bonitas, que exibem mais imagens, animações, sons. As imagens animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor.

A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua.

O aluno desenvolve a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo a troca de resultados. A interação bem sucedida aumenta a aprendizagem. Em alguns casos há uma competição excessiva, monopólio de determinados alunos sobre o grupo. Mas, no conjunto, a cooperação prevalece.

A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes. A intuição, porque as informações vão sendo descobertas por acerto e erro, por conexões "escondidas". As conexões não são lineares, vão "linkando-se" por hipertextos, textos interconectados, mas ocultos, com inúmeras possibilidades diferentes de navegação. Desenvolve a flexibilidade, porque a maior parte das seqüências são imprevisíveis, abertas. A mesma pessoa costuma ter dificuldades em refazer a mesma navegação duas vezes. Ajuda na adaptação a ritmos diferentes: a Internet permite a pesquisa individual, em que cada aluno vai no seu próprio ritmo e a pesquisa em grupo, em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa.

Na Internet também desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilingüística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação, visibilidade, responsabilidade para professores e alunos.

Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas ideias, para serem bem aceitos, para "não fazer feio". Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens.

Outro resultado comum à maior parte dos projetos na Internet confirma a riqueza de interações que surgem, os contatos virtuais, as amizades, as trocas constantes com outros colegas, tanto por parte de professores como dos alunos. Os contatos virtuais se transformam, quando é possível, em presenciais. A comunicação afetiva, a criação de amigos em diferentes países se transforma em um grande resultado individual e coletivo dos projetos.


Alguns problemas no uso da Internet na educação
Há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. Na informação os dados estão organizados dentro de uma lógica, de um código, de uma estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a, tornando-a significativa para nós. O conhecimento não se passa, o conhecimento se cria, se constrói.

Alguns alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e de aprender. Estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e esperam que ele continue "dando aula", como sinônimo de ele falar e os alunos escutarem. Alguns professores também criticam essa nova forma, porque parece uma forma de não dar aula, de ficar "brincando" de aula...

Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que está combinado deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal. É fácil perder tempo com informações pouco significativas, ficando na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem integrá-los num paradigma consistente. Conhecer se dá ao filtrar, selecionar, comparar, avaliar,sintetizar, contextualizar o que é mais relevante, significativo.

Constato também a impaciência de muitos alunos por mudar de um endereço para outro. Essa impaciência os leva a aprofundar pouco as possibilidades que há em cada página encontrada. Os alunos, principalmente os mais jovens, "passeiam" pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas interessantes, enquanto deixam por afobação outras tantas, tão ou mais importantes, de lado.


Conclusão
Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente,- no começo e no final de um assunto ou de um curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habiutal, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante, tornando real o conceito de educação permanente. Ensino a distância não é só um "fast-food" onde o aluno vai lá e se serve de algo pronto. Ensino a distância é ajudar os participantes a que equilibrem as necessidades e habilidades pessoais com a participação em grupos presenciais e virtuais onde avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados.

Tanto nos cursos convencionais como nos a distância teremos que aprender a lidar com a informação e o conhecimento de formas novas, pesquisando muito e comunicando-nos constantemente. Isso nos fará avançar mais rapidamente na compreensão integral dos assuntos específicos, integrando-os num contexto pessoal, emocional e intelectual mais rico e transformador. Assim poderemos aprender a mudar nossas idéias, sentimentos e valores onde se fizer necessário.

É importante sermos professores-educadores com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.

Necessitamos de muitas pessoas livres nas empresas e escolas que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino escolar e gerencial -. Só pessoas livres, autônomas - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar para a autonomia, podem transformar a sociedade. Só pessoas livres merecem o diploma de educador.

Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas mentes.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de
aprender.


BIBLIOGRAFIA
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FERREIRA, Sueli. Introducão às Redes Eletrônicas de Comunicação. Ciências da Informação.Brasília, 23(2):258-263, maio/agosto, 1994.

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HOINEFF, Nelson. A nova televisão; desmassificação e o impasse das grandes redes. Rio de Janeiro. Delume Dumará, 1996.

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SEABRA, Carlos. Usos da telemática na educação. In Acesso; Revista de Educação e Informática. São Paulo, v.5, n.10, p.4-11, julho, 1995.


Fonte

domingo, 3 de maio de 2009

Especial TV Digital

Referências


LIVROS e ARTIGOS

"Distance Education" de Moore & Kearsley;

"Creating a Web-based Course for Undergraduate Pre-Education Students" de William J. Valmont;

"Mídia Educativa, Treinamento e Educação a Distância: Quase um manifesto" de Samuel Pfromm Netto;

"Manual de Vídeo" de Rudi Santos

"O Poder do Mito" de Bill Moyers e Joseph Campbell;

"A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler;

"Da Criação ao Roteiro" de Doc Comparato;

"GUIA BÁSICO PARA PRODUÇÃO DE UM FILME DIGITAL" de Peter Broderick, Mark Stolaroff e Tara Veneruso, publicado na revista FilmMaker.


SITES

"A TV Digital interativa no espaço educacional" de SERGIO FERREIRA DO AMARAL e DANIEL MOUTINHO PACATA
(http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2003/ju229pg2b.html)

"Adolescentes são curadores da Mostra VILATIVA"
(http://www.midiativa.org.br/index.php/midiativa/content/view/full/3385)

Dicas Técnicas sobre operação com videos

Dicas sobre as etapas de produção de um filme

Endereço eletrônico da Associação Brasileira de Cinematografia

TV digital amplia alternativas de inclusão social

18/01/2006
Paulo Franco
Projeto Brasil

Educação à distância deve ganhar agilidade

No ar desde 1996, a "TV Escola" do Ministério da Educação dará um salto de qualidade com a implantação da TV digital no Brasil. Com o novo sistema, o sinal digitalizado vai acabar com os chiados e fantasmas na imagem, além dos ruídos no áudio e permitir um alcance muito maior do que o atual. Outra vantagem será a utilização da interatividade para colher dados em tempo real, eliminando assim a necessidade de sensos para dimensionar e solucionar determinados problemas.

Em um país do tamanho do Brasil, a comunicação TELESPECTADOR - EMISSORA torna-se essencial para a avaliar a resposta do professor e aluno, para assim desenvolver soluções flexíveis e descentralizadas que respondam a demandas específicas ou regionais. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mais de 45 mil escolas públicas de todo o Brasil recebem o sinal da TV Escola. Esse número representa um potencial de alcance de cerca de 29,5 milhões de alunos e 1,2 milhão de professores.

A TV Escola atende em grande parte a inclusão social, um dos principais objetivos do decreto presidencial 4.901, que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). Dentre as soluções desenvolvidas por pesquisadores nacionais está um software que permite ao Ministério da Educação manter um banco de imagens em um servidor acessível aos professores em qualquer parte do Brasil. Para acessar essas informações, o educador solicita a liberação do sinal e o conteúdo em um determinado horário para complementar o ensino em sala de aula.

A TV Escola é um canal da Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, que tem como objetivos principais o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e o aperfeiçoamento dos professores da Educação Básica. Além de séries e documentários nacionais e internacionais relacionados aos currículos escolares, a TV também produz conteúdo e transmite programas sobre saúde, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, cidadania e cultura.

Leia abaixo a avaliação do MEC sobre a introdução da TV Escola na nova tecnologia:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TV ESCOLA NO SBTVD
A TV ESCOLA

A TV Escola é um canal da Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, que tem como objetivos principais o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e o aperfeiçoamento dos professores da Educação Básica.

No ar desde 1996, a TV Escola transmite séries e documentários diretamente relacionados aos currículos escolares do Ensino Infantil, Fundamental e Médio, contemplando áreas como Língua Portuguesa, Matemática, Ética, História, Sociologia, Pluralidade Cultural, entre tantas outras. Ou seja, a TV Escola diferencia-se das televisões educativas em geral por ter um foco específico na escola e seus atores: alunos, professores e gestores.

Produções próprias e realizações dos mais renomados produtores nacionais e internacionais (Channel 4 Learning, BBC, Discovery, National Film Board of Canada, entre muitos outros) fazem da TV Escola um canal respeitado pelo elevado padrão ético, estético, educacional e cultural de sua grade de programas.
Aos fins de semana e feriados, a TV Escola abre as suas portas para toda a comunidade, transmitindo a faixa Escola Aberta, que busca alcançar o público em geral, com programas sobre saúde, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, cidadania e cultura.

ALCANCE DA TV ESCOLA
De acordo com o censo de 2004 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mais de 45 mil escolas públicas de todo o Brasil recebem o sinal da TV Escola. Esse número representa um potencial de alcance de cerca de 29,5 milhões de alunos e 1,2 milhão de professores que recebem diariamente o sinal da TV Escola.

Além disso, será enviado, em fevereiro, aparelhos de DVD e uma caixa com mais de 160 horas de produções da TV Escola, em mídia DVD, a 50 mil escolas públicas. Esse projeto, chamado de DVD Escola, tem como objetivo fazer com que os programas da TV Escola cheguem às escolas que não possuem o sinal.

Mesmo sendo um canal dedicado à educação, o caráter cultural da TV Escola está presente em sua programação. Dessa forma, ONGs, bibliotecas, hospitais, presídios e diversas associações e grupos, além de cidadãos brasileiros interessados em seu aprimoramento utilizam a TV Escola. A qualidade da programação faz com que a TV Escola seja exibida também na Sky (canal 27), Directv (237) e Tecsat (4), ampliando, assim, o público alcançado.

PRINCIPAIS DESAFIOS DA TV ESCOLA
Três são as principais dificuldades da TV Escola. A primeira é a baixa qualidade e robustez do sinal analógico, que chega em muitas regiões do País com problemas de áudio e imagem.

A segunda é o fato de os equipamentos distribuídos pelo MEC já estarem com 10 anos de uso. O custo de manutenção das antenas dificulta a participação efetiva das escolas no programa. Além do mais, os aparelhos de televisão de 20 polegadas distribuídos em 2006 não mais atendem aos padrões atuais propostos à sociedade. Diariamente chegam ao MEC solicitações de escolas, prefeituras e estados - algumas por meio de parlamentares - no sentido de renovação dos equipamentos da TV Escola.

Na última avaliação externa realizada, os professores e diretores pesquisados apontaram como problemas da TV Escola questões relativas à qualidade de imagem e som e à deterioração dos equipamentos. Todavia, o desejo de mais aparelhos de televisão por escola e a disponibilidade de 95% dos professores para fazer um curso de capacitação no uso da TV e vídeo indicam que os educadores reconhecem o potencial pedagógico do canal do MEC e estão predispostos à maior e melhor utilização da TV Escola.

A terceira dificuldade diz respeito exatamente à questão da avaliação do programa. No Censo Escolar, há perguntas sobre os equipamentos, mas faltam levantamentos sobre qualidade do uso. Esporadicamente, são realizadas avaliações externas amostrais, mas o custo é elevado e a operacionalização difícil, dada a abrangência da rede educacional. Com a TV Digital Interativa, o MEC poderá colher dados em tempo real, disseminar resultados e aprimorar o programa.

Por isso, a TV Digital aberta e gratuita representa uma oportunidade ímpar na resolução de alguns problemas estruturais da TV Escola, além de apontar para outras possibilidades exclusivas do meio, entre elas, a interatividade.

A TV ESCOLA ANTECIPA-SE À TV DIGITAL
A equipe de profissionais da TV Escola está consciente de que, em todo o mundo, o maior desafio da TV Digital está na produção de conteúdos apropriados, mais do que na questão da tecnologia. Assim, apesar de haver problemas e desafios a vencer no aspecto da infra-estrutura, na produção própria de conteúdos educacionais, a TV Escola vem desenvolvendo estudos e projetos que definem novos rumos para a interatividade e lançam desafios aos produtores, pesquisadores e empresas que buscam soluções
tecnológicas para a TV Digital.

De fato, é na educação que a TV Digital Interativa alcança seu mais nobre ideal de interatividade: o que chama o telespectador para a análise crítica dos conteúdos, nele despertando o desejo de criar. Trata-se de uma nova forma de oferecer os programas, reconhecendo no usuário (alunos, professores, gestores e outros) um sujeito ativo e não passivo. Pedagogicamente falando, busca-se concretizar desafios lançados por Paulo Freire, Vigotsky, Piaget, Morin e outros educadores que põem em relevo a complexidade e totalidade do ser humano e sua capacidade de construir significados e de gerar projetos e conhecimentos socialmente relevantes.

Obviamente, uma pedagogia de incentivo à formação do leitor crítico dos meios e de estímulo à autoria exigirá uma infra-estrutura que fomente e concretize as inúmeras respostas de atores individuais e coletivos motivados a explorar, analisar, contextualizar, aprofundar, expandir, enfim, a produzir sua própria visão e experiência sobre o tema.

Assim, soluções tecnológicas para a TV Digital Interativa a ser utilizada pela área de educação são mais complexas do que as demandas da TV comercial. E resolver esse desafio significa colocar o Brasil na dianteira em relação a muitos países.

Sinalizando sua disposição no pioneirismo e não se limitar a discursos, a TV Escola está finalizando um programa - GerAção Saúde - que aponta caminhos de interatividade para a TV Digital, não em uma versão de simples escolhas entre A, B ou C, mas envolvendo o telespectador em propostas mais criativas.

Outro exemplo da ousadia da TV Escola é a realização do 1º Programa TV Escola de Fomento a Conteúdos Educacionais Multimeios, que selecionará projetos televisivos que atendam ao formato de pré-exibição, exibição e pós-exibição. Esse formato, a seguir apresentado, pretende traduzir a nova pedagogia da TV Escola: a que integra tecnologias - preparando a TV Digital Interativa - e fomenta a autoria própria.

- Pré-exibição: concisa orientação e preparação do educador para a análise do vídeo e sua futura utilização, dentro e fora da sala de aula. A pré-exibição vai ao ar, obrigatoriamente, pela TV Escola, podendo também ser veiculada na Internet, e busca atrair o educador, despertando seu interesse em relação aos objetivos, conhecimentos e competências que podem ser explorados com o programa, assim como seu uso multidisciplinar, além de auxiliá-lo a preparar um plano de aula mais completo e diferenciado. Exemplos de pré-exibição: trailers, teasers, previews, cenas de bastidores etc.

- Exibição: é o programa televisivo que vai ao ar pela TV Escola e, eventualmente, em outros canais de televisão e que aborda determinado tema, utilizando todos os recursos tecnológicos da moderna televisão e garantindo qualidade de áudio, imagem e conteúdo científico-cultural-educacional.

- Pós-exibição: conjunto de atividades multimeios que complementa a aprendizagem proporcionada pelo vídeo e que antecipa conteúdos interativos da TV digital. Na pós-exibição, o aluno poderá testar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no vídeo. Como exemplo de pós-exibição, destacam-se: testes; textos, vídeos e links complementares; sugestões de projetos e atividades; jogos educativos; objetos interativos de aprendizagem; atividades na web; enquetes; iconografia, entre outros.

Ainda no que diz respeito a conteúdos, a TV Escola prepara-se para, em 2006, abrir duas novas faixas em sua programação: uma que atenda à qualificação profissional e outra para apoiar a Universidade Aberta do Brasil - programa que amplia significativamente as possibilidades de acesso à educação superior.

Paralelamente à produção de conteúdos educacionais que promovam a interatividade, a Secretaria de Educação a Distância lançou o Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, que objetiva formar professores e gestores capazes de ler criticamente os meios e de produzir para TV, vídeo, redes, rádio e, ainda, materiais impressos.

As perspectivas e projetos apresentados consolidam a TV Escola como um poderoso veículo de educação, cobrindo desde a educação infantil até a profissionalizante e a superior, sem esquecer a formação continuada de educadores.

NECESSIDADES DA TV ESCOLA NO SBTVD
O Ministério da Educação acredita que a presença da TV Escola no Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD é estratégica e fundamental para o desenvolvimento das potencialidades da Educação, graças, principalmente, à interatividade.

Uma das dificuldades que a Educação a Distância encontra num país tão extenso quanto o Brasil é a possibilidade real de avaliar, objetivamente e sem ruídos, a resposta do "outro lado da linha" - a do professor e a do aluno. Assim, a TV Escola no SBTVD poderia implantar um sistema de avaliação quantitativa e qualitativa que permitiria o aperfeiçoamento constante do programa e o desenvolvimento de soluções flexíveis e descentralizadas para responder a demandas específicas ou regionais.

Dentro das possibilidades tecnológicas apontadas pelos modelos estrangeiros e sugeridas pelos consórcios nacionais, o MEC aponta a interatividade como ferramenta essencial para a prática plena de uma educação sem distâncias e de alto padrão de qualidade.

Por isso, dentro das freqüências a serem licitadas para os novos players, a TV Escola necessita de espaço para transmissão em SDTV e com banda suficiente para todas essas aplicações interativas. Para tanto, o sinal da TV Escola deve ser carregado pelas empresas vencedoras do processo licitatório, de forma que todas as regiões do País possam receber a programação do canal da educação.

Com isso, o Governo Federal estará garantindo uma política de Estado que respeita os princípios e objetivos estabelecidos pela Constituição Federal para o setor de educação e para os meios de comunicação - finalidades educativas, culturais, com a valorização de programação regional e independente, garantindo o cumprimento do direito à informação plural e diversificada, dentro de elevados padrões estéticos e éticos.

Mais do que qualquer outro canal de televisão, o potencial de inclusão tecnológica, social e educacional da TV Escola? é enorme e sua determinação na produção e seleção de conteúdos, sua independência em relação a interesses comerciais e seu compromisso inequívoco com o cidadão qualificam-na como um canal estratégico para a democratização e eqüidade da educação brasileira e essencial para o desenvolvimento sustentável e soberano do País.


Fonte: E-Proinfo